Só 23,5 km para 300 mil ciclistas

Quem usa a bicicleta como meio de transporte em São Paulo sofre com falta de estrutura e de planejamento

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Por Moacir Assunção e Carolina Spillari
Atualização:

Metrópole "viciada" em automóveis, com uma frota de 6 milhões de carros, São Paulo está longe de privilegiar o transporte alternativo em bicicletas, comum em grandes cidades do mundo. A capital tem apenas 23,5 quilômetros de ciclovias ante 625 km em Berlim, 379 km em Paris, 400 km em Amsterdã e 300 km em Bogotá e em Copenhague. Pior: as melhores ciclovias paulistanas ficam em parques, que concentram 19 quilômetros. As de rua, como nas Avenidas Sumaré e Faria Lima, estão inoperantes e em péssimas condições. Com isso, não há estímulo ao uso das magrelas como transporte - a ênfase é no lazer. Novas iniciativas começam a tentar mudar esse quadro, mas a solução ainda não aparece no horizonte, embora a cidade concentre quase 300 mil pessoas que usam somente a bicicleta para ir ao trabalho, sem contar as que a combinam com outros meios de transporte. No Brasil, calcula-se que existam 60 milhões de bicicletas. Além de ser ecologicamente correta e de possibilitar o exercício físico, a bicicleta é muito mais barata que o carro, democratizando o acesso ao transporte. A hostilidade do trânsito que prioriza os veículos motorizados e um déficit histórico de investimentos em ciclovias, ciclorredes - redes de ruas preparadas para o tráfego em bicicletas -, ciclofaixas - sinalização diferenciada para o veículo - e calçadas compartilhadas conduziram à situação atual. Além disso, há um obstáculo institucional, pois a questão nem sequer é tratada pela Secretaria Municipal dos Transportes, que não considera o veículo em suas ações para melhorar o trânsito na metrópole. "Na situação atual de São Paulo, em que a poluição alcançou níveis altíssimos, a bicicleta, que não polui o ar e ocupa pouco espaço, pode ser uma das saídas", afirmou Maurício Guimarães, presidente da ONG de ciclistas Rodas da Paz.

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