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Só 'milagre' salva Archer, diz Garcia

Por telefone, presidente da Indonésia negou para Dilma Rousseff revisão da pena de brasileiro condenado à morte; execução está marcada para o próximo domingo, 18

Por Tania Monteiro e Rafael Moraes Moura
Atualização:
“Vamos esperar que um milagre reverta esta situação”, declarou o assessorde imprensa internacional, Marco Aurélio Garcia. Foto: Marcos de Paula/Estadão

BRASÍLIA – Em entrevista no Palácio do Planalto, o assessor de imprensa internacional, Marco Aurélio Garcia, disse que só “um milagre” impedirá que o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, seja executado neste domingo, após ser condenado por tráfico de drogas na Indonésia. 

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Segundo Marco Aurélio, “não houve sensibilidade” por parte do governo da Indonésia para que ele atendesse ao pedido de clemência. Ainda de acordo com o assessor palaciano, a presidente Dilma Rousseff (PT) “lamentou profundamente” a recusa do governo daquele País, falou em “frustração” por não ter conseguido reverter a execução do brasileiro e afirmou que “cria sombra” nas relações entre os dois países.

“Vamos esperar que um milagre reverta esta situação”, declarou Garcia, ao comentar que, na conversa por telefone, Dilma apelou ao presidente da Indonésia, Joko Widodo, para pedir reversão da pena do brasileiro Marco Archer. Dilma lembrou que no Brasil não tem pena de morte e acentuou que, por isso mesmo, estava fazendo ali “um apelo humanitário”. 

Ressalvou, no entanto que “a figura da clemência foi rejeitada” e que não haverá outro contato com o presidente daquele país, já que esta conversa foi fruto de uma intensa negociação. “Outros governos que têm cidadãos em situação semelhante sequer conseguiram conversar com o presidente indonésio”, disse Garcia.

De acordo com o assessor palaciano, qualquer que seja a decisão do governo indonésio, que marcou a execução de Archer para a meia noite de domingo, 15 horas de sábado, no Brasil, o governo brasileiro vai se pronunciar oficialmente. Garcia lembrou que a legislação daquele país permitia apenas que houvesse clemência, que aconteceu em governos anteriores. Quando Dilma conversou com Widodo e apelou pela clemência, ele justificou que, em sua campanha eleitoral, foi defendida a aplicação da pena de morte para casos de tráfico de droga e que ele “não tinha alternativa”, já que o processo tinha percorrido todos os trâmites legais.

Para Marco Aurélio “não há mais o que fazer” e “foram esgotadas todas as possibilidades”, embora o governo continue se empenhando a espera de uma mudança de comportamento, um “milagre”, o que “considera absolutamente improvável”. “Queremos estender todos os nossos esforços até o último minuto”, prosseguiu Marco Aurélio, citando ainda que o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, que está em Washington fazendo sua mudança, foi convocado a retornar ao Brasil imediatamente.

O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, preso há 11 anos, é carioca, tem 53 anos e trabalhava como instrutor de voo livre. Ele foi preso quando tentava entrar na Indonésia com 13 quilos de cocaína escondidos dentro dos tubos de uma asa delta, em 2003, e teve a droga descoberta ao passar pelo raio-x, no Aeroporto Internacional de Jacarta. Ele conseguiu fugir do aeroporto, mas acabou preso duas semanas depois.

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Marco Archer não é o único brasileiro que poderá ser executado na Indonésia. O surfista Rodrigo Gularte foi preso em 2004, também no aeroporto de Jacarta, com 12 pacotes de cocaína. A droga estava escondida em oito pranchas. O surfista estava a caminho da ilha de Bali, acompanhado de dois amigos, mas assumiu sozinho a autoria do crime de tráfico internacional de drogas. O surfista também teve o pedido de clemência negado e também aguarda a execução.

Na conversa com o presidente da Indonésia, Dilma também apelou para a situação de Gularte, mas não obteve sucesso nas negociações. A data da execução de Gularte ainda não foi definida.

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