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Só neste ano, 50 ocorrências desse tipo

Por Rodrigo Brancatelli
Atualização:

Não faz nem dois meses que a professora do ensino médio de uma escola estadual da região oeste da cidade teve o carro riscado com as palavras "vaca" e "prostituta". As ofensas no capô e na porta ainda não desapareceram. E essa história - que não tem nomes a pedido da própria professora, que agora tem medo de algum aluno anônimo - apenas se soma ao longo histórico de ameaças e ataques que professores de São Paulo vêm sofrendo nos últimos anos. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, do início do ano até setembro foram registradas cerca de 50 ocorrências de violência nas escolas. No ano passado foram 180 casos, ante 217 em 2006. Exemplos não faltam. Logo no início de outubro, os carros de quatro professores sofreram vandalismo no estacionamento da Estadual Herbert Baldus, no Jardim São Bernardo, zona sul. Um dia depois, uma mãe bateu na professora da filha dentro da Rocca Dorvall, em Guaianases, zona leste. E ainda na mesma semana um rapaz de 15 anos deu um tiro para o alto na frente da Escola Tarcísio Lobo, na zona norte, por ciúmes da namorada. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) chegou a protestar no início do segundo semestre contra a violência cometida contra professores dentro das escolas e sugeriu a federalização da educação, com administração descentralizada, como forma de melhorar a situação. "É um trabalho a longo prazo, mas o mais importante é valorizar a educação", diz o professor Cláudio Fonseca, presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem). "Não é só construir escola, mas reerguer a autoridade, tanto do professor quanto do poder público. Quando explodem delegacia e depredam escola, é que algo está muito errado no Estado brasileiro. É preciso acabar com essa cultura de impunidade."

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