Autor do estudo que ajudou a nortear a concepção do restauro do Palácio Campos Elísios, o arquiteto e urbanista Nestor Goulart Reis Filho, da Universidade de São Paulo (USP), avalia que a instalação de uma sede do governo estadual não reverte a degradação da região onde está o casarão. "Certamente (o restauro) vai contribuir para que se forme um centro de atividades na região dos Campos Elísios, onde o quadrilátero tem uma situação melhor se comparada com a da Luz, onde a degradação é maior. Mas as ações de revitalização são mais complexas e devem envolver a iniciativa privada, que tem de ser chamada para a área também", considerou o urbanista. Opinião semelhante tem o historiador da USP Benedito Lima de Toledo, autor de São Paulo, Três Cidades em um Século, em que se retrata a degradação dos Campos Elísios a partir da segunda metade do século 20. "A degradação do bairro foi de grande extensão, muitos casarões foram demolidos, os moradores foram embora. A recuperação do palácio pode ser um pólo centralizador para induzir novas atividades na região, mas só isso não resolve. Temos de ter incentivo para uma ocupação residencial nas ruas do entorno, para repovoar o bairro", considera o historiador. EXEMPLO NO ANHANGABAÚ Especialistas ainda citam como exemplo a mudança da Prefeitura para o Palácio do Anhangabaú, em 2004, que ajudou a reduzir assaltos e aumentar a circulação de pessoas na região do Viaduto do Chá. Para Lucila Lacreta, do Movimento Defenda São Paulo, contudo, mudanças pontuais como forma de revitalização de um bairro não revertem a deterioração de uma região. "A tendência de degradação só é revertida com muito investimento, com presença da iniciativa privada, com facilitação de financiamentos para imóveis de classe média", afirma a urbanista. "Mas claro que é louvável a iniciativa para a recuperação do palácio. É um edifício maravilhoso, que precisa ser devolvido à população", completou.D.Z.