Mesmo sob chuva, uma hora após o resultado da vitória, a quadra da Mancha Verde, na região da Ponte da Pompeia, zona oeste de São Paulo, já estava tomada de torcedores. Grupos de amigos, famílias com crianças e casais chegam no fim da tarde à quadra da agremiação para comemorar o título inédito da escola do Palmeiras.
Os vencedores tremulam bandeiras do Palmeiras enquanto no palco a bateria toca o samba-enredo da agremiação: "Oxalá, Salve a Princesa! A Saga de uma Guerreira Negra".
Na composição, a escola exalta símbolos das origens africanas, citando maracatu, Iemanjá e Zumbi dos Palmares.
No discurso de vitória já na quadra da Mancha, o presidente da escola Paulo Serdan disse que a vitória é da comunidade, de quem ensaiou e trabalhou no desfile.
A contratação do carnavalesco Jorge Freitas foi celebrada por Serdan. Segundo o presidente, Freitas mudou a cara do carnaval da Mancha e representou uma "grande" aquisição para a escola.
"Conversamos com ele há um tempo, mas não tínhamos condição de dar a qualidade para ele desenvolver o trabalho. E este ano deu. O Jorge vale cada centavo que a gente paga por ele. Só vai sair daqui da Mancha no dia em que ele quiser", disse Sedan.
Envolta em uma bandeira da Mancha Verde, a pequena palmeirense roxa de 3 anos Maria Luíza Ribeiro dançava no colo da mãe, a farmacêutica Carla Ribeiro, 33, na porta da quadra da escola. As duas saíram para respirar um pouco. No início desta noite, enquanto chove do lado de fora, no interior a quadra vibra abafada de samba, suor e cerveja.
"Viemos cedo e vamos ficar pouco por causa dela", disse Carla, que saiu da zona leste, onde mora, com o marido palmeirense, para comemorar o título da agremiação.
Apesar de ser corintiana, Carla celebra na quadra da Mancha a vitória do time rival: "A Mancha mereceu. O desfile estava mais bonito, as fantasias bem acabadas, uma Comissão de Frente lindíssima. A Gaviões foi muito apelativa. Satanás vencer Cristo na Comissão de Frente foi inversão da história. Não precisa disso para vencer o carnaval."