Sob clima de revolta, carcereiro assassinado é enterrado

"A gente sabe que qualquer um de nós pode ser o próximo", disse um agente, no enterro de Nilton Celestino, de 41 anos, morto por supostos integrantes do PCC

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Por Agencia Estado
Atualização:

Considerado um funcionário exemplar do Centro de Detenção Provisória de Itapecerica da Serra, na grande São Paulo, o agente penitenciário Nilton Celestino, de 41 anos, foi enterrado na manhã desta quinta-feira, 29, sob clima de revolta de seus colegas. "Foi uma covardia o que fizeram e a gente sabe que qualquer um de nós pode ser o próximo", disse um agente que não quis se identificar. Celestino foi morto na manhã de quarta-feira, 28, com mais de dez tiros, por supostos integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital quando saía de sua casa, no Jardim Jacira, em Itapecerica. Sob clima tenso, o sepultamento, no Cemitério Municipal de Itapecerica da Serra, foi acompanhado por pelo menos dez policias militares destacados para fazer a segurança dos agentes penitenciários que acompanharam a cerimônia. Nove homens do Grupo de Intervenção Rápida (GIR), tropa de elite da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), que age na repressão de rebeliões em presídios também foram prestar solidariedade à família. Antes do enterro, a equipe do GIR estava no CDP de Parelheiros, na zona sul da capital, onde houve uma tentativa de fuga e resgate de presos. O CDP está com falta de efetivo de agentes devido à greve da categoria iniciada nesta quinta-feira. Greve A greve foi iniciada em protesto contra a morte de Celestino. Na primeira avaliação feita pelo Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp), às 9 horas desta quinta-feira, era parcial a adesão dos agentes. Segundo o secretário-geral Rosalvo José da Silva, a adesão era maior nas unidades do oeste paulista, onde a greve atinge principalmente os presídios de Marabá Paulista, Pracinha, Presidente Prudente e Martinópolis. As atividades foram suspensas também em penitenciárias da Grande São Paulo e norte do Estado, segundo ele. Em muitas unidades, por medo de represálias, os agentes fizeram apenas paralisações simbólicas, com um minuto de silêncio, mantendo o atendimento normal aos presos. Tumulto Um grupo de presos do CDP de Americana, no interior de São Paulo, provocaram um pequeno tumulto na manhã desta quinta para reivindicar a transferência do presídio. Segundo a SAP, os presos aproveitaram o banho de sol, por volta das 7h30, para tentar fazer os agentes penitenciários reféns. Houve negociação entre os detentos e o diretor do presídio e os presos voltaram para as celas por volta das 9 horas. Ninguém ficou ferido. À tarde, a direção do CDP vai decidir sobre as transferências. (Colaboraram: Solange Spigliatti e José Maria Tomazela)

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