Sobe para 54 o número de mortos por chuva no RJ

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Por Agencia Estado
Atualização:

O resgate de quatro corpos em Petrópolis, na região serrana do RJ, elevou para 54 o número oficial de mortos no Estado por causa das chuvas fortes que começaram no início da semana. Vinte e sete pessoas, todas elas daquela cidade, permanecem desaparecidas. Há cerca de dois mil desabrigados no Rio de Janeiro. Depois dos temporais que atingiram o Estado, o sol reapareceu hoje em todo o território fluminense. Mas a frente fria que provocou o mau tempo ainda está entre o Rio e o Espírito Santo, o que pode significar mais chuva para os próximos dias, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O luto tomou conta da cidade imperial, onde bombeiros e funcionários da prefeitura trabalham com tarjas pretas presas às roupas. No 32º Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército, onde o helicóptero do presidente Fernando Henrique Cardoso pousou, a bandeira brasileira estava a meio mastro. A quantidade de mortos tende a crescer conforme avança o trabalho de resgate. Hoje, o corpo do desempregado Expedito Gonçalves Ferreira de Lima, de 62 anos, foi encontrado encoberto pelo lamaçal na Estrada do Contorno, próximo ao quilômetro 82 da Rodovia Washington Luiz, que liga Petrópolis à capital. Ele estava desaparecido desde segunda-feira, quando sua casa foi destruída pela enxurrada. Na Vila Felipe, foram encontrados outros dois corpos. Um deles era o de Maria Regina Raimundo, de 41 anos, que ficou soterrada sob sua casa, na Rua Jacinto Rabelo, lote 41. O corpo de um vizinho dela também foi retirado dos escombros, mas está sem identificação. Os bombeiros esperam resgatar até o fim da noite mais dois corpos na Vila Felipe. Na Rua Amaral Peixoto, visitada hoje pelo presidente Fernando Henrique, foi encontrado o corpo de uma mulher identificada como Valéria. Tempo melhora, mas ocorrências crescem Apesar do sol de hoje, a Defesa Civil de Petrópolis registrou aumento nas ocorrências - de um total de 836, até quarta-feira, o número cresceu para 1.038 hoje (a maior parte por deslizamentos de terra e rachaduras nas casas.) Quatorze bairros foram afetados e 1.806 pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas. Médicos e enfermeiros do município estão percorrendo os 18 abrigos improvisados para atendê-los. Colchonetes, agasalhos, calçados e roupas não param de chegar. Mais de 3 toneladas de alimentos foram doados por uma rede de supermercados local. Os petropolitanos feridos nos desmoronamentos chegam a 164 - 29 estão hospitalizados. O prefeito Rubens Bontempo (PSB) solicitou R$ 89 milhões dos governos federal e estadual para reconstruir a cidade e erguer 2,5 mil casas populares para os residentes em áreas de risco. "Vamos acabar com esse filme de terror", afirmou o prefeito. Em Duque de Caxias, cidade que registrou a segunda maior incidência de mortes por causa das chuvas, houve sete vítimas. As residências localizadas em locais perigosos somam 338 e 1.424 pessoas tiveram suas casas parcialmente afetadas ou totalmente destruídas. Bairros como o de Imbariê permaneciam alagados até hoje. Em Paracambi, também na Baixada Fluminense, subiu para 997 o número de desalojados. São 260 famílias, que estão acomodadas no Ciep Nicola Salzano. Hoje foi iniciada a remoção de terra na periferia - até então o trabalho estava concentrado no centro. No município vizinho de Mendes, também bastante castigado, 700 pessoas perderam suas residências. Somente hoje o serviço de telefonia na cidade foi restaurado. Em todo o município, de 17.300 habitantes, apenas duas linhas telefônicas, ambas da Prefeitura, funcionavam. "Até os celulares ficaram mudos. Estamos pedindo a Deus que pare de chover", afirmou a primeira-dama Vanderléa Rocha. Trezentas cestas básicas foram distribuídas. Trabalho de solidariedade ajuda municípios mais atingidos Um esquema especial foi montado pelo governo do Estado para ajudar os moradores dos municípios mais castigados. A Defesa Civil está recebendo donativos nos quartéis do Corpo de Bombeiros para entregar aos desabrigados. A secretaria de Estado de Ação Social e Cidadania está doando fraldas e material de higiene pessoal e de limpeza e a de Agricultura, Abastecimento, Pesca e Desenvolvimento do Interior está enviando alimentos para os produtores que tiveram suas colheitas atingidas pelas chuvas. Cinco estações do metrô estão recebendo doações de gêneros alimentícios. O governo estadual anunciou que já liberou R$ 27,5 milhões para obras emergenciais em Petrópolis e R$ 3,5 milhões para Paracambi - que havia solicitado R$ 6 milhões. O governador Anthony Garotinho está recebendo relatórios dos prefeitos de Mendes, Rio de Janeiro, Niterói, Japeri, Silva Jardim e Teresópolis para que verbas sejam liberadas. Cem famílias da favela Aldeia, em Campos, no Norte Fluminense, começaram a ser removidas hoje para casas construídas pela prefeitura. A medida foi tomada por prevenção, já que o nível das águas do Rio Paraíba atingiu 7,8 metros. Se a água chegar a 8,7 metros há o risco de alagamento de regiões vizinhas. Não houve temporal em Campos, mas o nível do rio cresce com o volume de água que chega do sul do Estado, e de parte de Minas e São Paulo onde choveu nos últimos dias. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil de Parati, no sul do Estado, não têm mais esperança de encontrar com vida a paisagista paulista Elenice Nogueira. Ela tentava atravessar uma ponte sobre um braço do Rio Parati Mirim, na região de Patrimônio, na divisa com Ubatuba, quando seu carro foi arrastado pela correnteza, na segunda-feira. A filha dela, Daniela, de 16 anos, foi resgatada por pessoas que passavam pelo local. "Trabalhamos com a hipótese de o corpo estar preso às margens do rio ou ter sido levado para o mar", afirmou o tenente do Corpo de Bombeiros Carlos Rocha, responsável pelas buscas. Vinte bombeiros procuram o corpo de Elenice.

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