28 de março de 2021 | 22h27
Atualizado 29 de março de 2021 | 08h52
SALVADOR - Um soldado da Polícia Militar da Bahia identificado como Wesley Soares acabou baleado por outros militares depois de gritar palavras de ordem e disparar dezenas de vezes para o alto, no início da tarde deste domingo, 28, no Farol da Barra, em Salvador. Ele acabou atingido por disparos após quase quatro horas de negociação com equipes especializadas da PM e morreu no hospital.
Wesley era lotado na 72.º Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Itacaré), no sul do Estado. Ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e internadado no Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu.
Por volta das 14h, o soldado chegou ao ponto turístico em carro próprio, fardado e armado com um fuzil, além de uma pistola. Um vídeo publicado nas redes sociais mostra que ele desce do carro, com o rosto pintado com as cores da bandeira do Brasil, e anda de um lado para o outro. Nas imagens, também é possível ouvir ele gritar: “Venham testemunhar a honra ou desonra do policial militar da Bahia”. E inicia os disparos. Mais de dez.
Em nota enviada à imprensa no início da ação, a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-BA) informou que o rapaz enfrentava uma “crise psicológica”. Às 15h, o Batalhão de Operações Especiais (Bope), CRP Atlântico, além de equipes da SSP e a Superintendência de Inteligência (SI) iniciaram a negociação, que terminou por volta das 18h35, com o soldado baleado.
Em novas imagens divulgadas, é possível ver a troca de tiros entre os militares e também o momento em que o soldado em crise cai ferido. Os tiros continuam até a imagem ser interrompida. Após a ação, em novo comunicado, a SSP afirmou que o homem atirou contra as equipes e que alternava entre “momentos de lucidez e acessos de raiva”.
"Aproximadamente às 18h35, o soldado verbalizou que havia chegado o momento, fez uma contagem regressiva e iniciou os disparos contra as equipes do Bope. Após pelo menos dez tiros, o soldado foi neutralizado e socorrido", diz a nota.
Segundo o comandante do Bope, major Clédson Conceição, o objetivo era preservar a integridade física. “Buscamos, utilizando técnicas internacionais de negociação, impedir um confronto, mas o militar atacou as nossas equipes. Além de colocar em risco os militares, estávamos em uma área residencial, expondo também os moradores", afirmou.
No momento da troca de tiros entre Wesley e a polícia, um grupo de jornalistas que trabalhavam na cobertura do caso foi ameaçado por policiais, que chegaram a atirar para cima pelo menos três vezes. Em vídeo filmado por um dos profissionais da imprensa, a polícia tenta afastar os jornalistas - que pedem calma.
Por meio nota, o comandante-geral da PM, coronel Paulo Coutinho lamentou a ação. "O Bope adotou protocolos de segurança e o policial militar ferido foi socorrido imediatamente pelo SAMU. A corporação tomou conhecimento ainda de um vídeo do momento em que a imprensa acompanha o fato e é interpelada por um policial militar. A instituição ressalta o respeito à liberdade de expressão e ao trabalho dos jornalistas. O fato será devidamente apurado."
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