'Somente ela é que pode dizer quem ela quer e não quer'

Lula diz ainda que dará lição de como se porta um ex-presidente da República: 'Ele não indica, não veta'

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Por Redação
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Confira os principais trechos da entrevista concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem, em Brasília.APRESENTAÇÃO"Dilma vai ter um merecido descanso, já que logo na segunda-feira terá de viajar para Seul. É uma grande oportunidade para os líderes do G-20 conhecerem quem vai presidir o Brasil pelos próximos quatro anos. E quero falar algumas coisas que ainda não havia falado depois das eleições, da minha alegria profunda pelo comportamento democrático do povo brasileiro mais uma vez. E quis Deus e a maioria do povo brasileiro que fosse Dilma a escolhida."NOVA EQUIPE"Tenho acompanhado a imprensa e já vi governo montado, destituído, cargo indicado para tudo quanto é lado. É um samba maluco, alucinante, a quantidade de informações que passam para vocês. O governo da Dilma tem que ser a cara e a semelhança da Dilma. É ela, e somente ela, que pode dizer quem ela quer e não quer. É só ela que pode dizer aos partidos aliados se concorda ou não com as pessoas. E somente ela e os partidos aliados é que irão construir a coalizão."INFLUÊNCIA"Na minha cabeça funciona a seguinte tese: rei morto, rei posto. Eu disse a vocês que ia dar lição de como se comporta um ex-presidente da República. Ele não indica, não veta. Um ex-presidente da República poderá dar conselho se um dia for pedido. Se for para ajudar, para atrapalhar nunca! É esse o comportamento de um ex-presidente da República. Nem o Mano Menezes quando foi para a seleção pediu para o técnico do Corinthians manter um jogador. Como eu vou pedir? A Dilma tem que mostrar o time dela. Ela é que vai ser o técnico dessa seleção. Não vou participar da transição. A continuidade é na política, não nas pessoas."AUTOPISTA"Dilma ajudou a colocar esse carro em marcha, então, o carro não está na garagem, os pneus calibrados, o motor está regulado, o carro está andando a 120 por hora. Se ela quiser pode pisar um pouco mais no acelerador e ir a 140, 150 por hora. Não tem por que brecar esse carro. Só tem que dirigir com muita responsabilidade. Olhar bem as curvas, não passar quando houver duas faixas amarelas."CRIAÇÃOA Dilma vai ter condições de ter muita criatividade. Como a infraestrutura já está elaborada, e ela própria é coordenadora, ela agora tem que pensar em outras coisas. O que vai acontecer a mais neste país para que a gente não perca esse momento excepcional na economia, esse momento de autoestima do povo brasileiro?"OPOSIÇÃO"Tenho a vantagem de ser o cara que mais perdeu eleições para presidente da República, mais do que o Serra, que perdeu duas. Perdi três. Quando a gente perde, fica sisudo. A Dilma vem de uma formação política admirável. O que algumas pessoas viam como defeito na Dilma, eu via como virtude. Ela chegou ao poder com a experiência de quem conhece o Brasil como ninguém, de quem conhece a máquina pública. Queria pedir à oposição que a partir do dia primeiro de janeiro - contra mim não tem problema, podem continuar raivosos, podem continuar do jeito que sempre foram -, mas que eles olhassem um pouco mais o Brasil, que torcessem para que o Brasil desse certo."ESTÔMAGO"Não vou falar aqui em unidade nacional, pois essa já é uma palavra queimada. Mas eu queria apenas pedir que no Congresso a nossa oposição não faça contra a Dilma a política que fez comigo, a política do estômago, da vingança, do trabalhar para não dar certo. Até porque a oposição governa importantes Estados e sabe que a relação institucional entre Estados e governo federal tem que ser a mais harmoniosa possível, porque todos perdem." CÂMBIO"A única coisa que queremos em comum é o câmbio flutuante. Achamos que os EUA e a China estão fazendo uma guerra cambial. Os EUA querem resolver o problema do déficit fiscal e a China sabe que não pode continuar com sua moeda subvalorizada. Vou para o G-20 para brigar. Se eles já tinham problema para enfrentar o Lula agora vão enfrentar o Lula e a Dilma. O Guido (Mantega) e o (Henrique) Meirelles sabem que terão que acompanhar a questão do câmbio."

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