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Sons de buzinas são ouvidos na busca de van soterrada

Bombeiros chegaram a encerrar buscas, que foram retomadas a pedido da família

Por Agencia Estado
Atualização:

Sons de buzinas do microônibus que foi soterrado nesta sexta-feira no deslizamento das obras da Linha Amarela do metrô foram ouvidos por volta das 0h30 deste sábado nos escombros, próximo à Marginal Pinheiros. Inicialmente, as informações sobre a van da cooperativa Transcooper, que fazia o trajeto circular Terminal CPTM/Pinheiros (177 Y), davam conta de que o veículo levava o motorista, o cobrador e pelo menos dois passageiros. Mais tarde, entretanto, a cooperativa informou que, além dos dois funcionários da Transcooper, outros cinco passageiros estariam dentro do microônibus no momento do acidente. O deslizamento ocorreu por volta das 15 horas, provocando uma cratera de 80 metros de diâmetros e pelo menos 30 de profundidade. A irmã do motorista da van, Marina Aparecida Leite, que tem formação como bombeira, desceu até o local com as equipes de resgate e confirmou que várias buzinas, como sinais de alerta, foram ouvidas quando o resgate se aproximou do local em que o veículo estaria, na Rua Capri, próximo ao Largo de Pinheiros. No início da noite de sexta-feira, o motorista de um caminhão foi resgatado pelos bombeiros. Além dos passageiros do microônibus, há informações desencontradas sobre um segundo motorista de caminhão que também estaria sob os escombros. As buscas pelos desaparecidos começaram durante à tarde de sexta-feira, mas foram encerradas pelo Corpo de Bombeiros por volta das 23 horas. Os familiares das vítimas protestaram e os trabalhos foram retomadas uma hora depois. A mulher do motorista, Esilene Gomes, chegou a implorar chorando que não parassem de procurar o microônibus que era dirigido por Reinaldo Aparecido Leite, 40 anos. "Deus pode tudo. Ele já levou um tiro no peito e sobreviveu", disse o aposentado José David Leite, de 69 anos, pai de Reinaldo. De acordo com a cooperativa de transporte, o cobrador da van é Wercley Adriano da Silva, 22 anos. Pedido de socorro Por volta das 16h15, a irmã do motorista recebeu um pedido de socorro via rádio. "Socorro, socorro, socorro?, repetiu Reinaldo Leite à Marli, silenciando depois. O telefonema ocorreu uma hora após o deslizamento que soterrou a van que Reinaldo dirigia na Rua Capri. O Sistema de Posicionamento Global (GPS) que estaria no coletivo estava sem sinal nesta noite. Funcionários da cooperativa informaram que o último registro captado do veículo foi na Rua Capri por volta das 15 horas, o momento do incidente. Segundo a TV Globo, o GPS informava que o microônibus estaria a 28 metros de profundidade. "A situação está difícil", afirmou por volta das 23 horas o capitão do Corpo de Bombeiros Rogério Scheffer, que está trabalhando na busca de possíveis vítimas do acidente. Segundo ele, a cratera deve atingir cerca de 48 metros de profundidade. Testemunhas Às 23 horas, testemunhas do desabamento prestaram depoimento no 14º Delegacia de Polícia de Pinheiros. Entre elas estavam o motorista e o cobrador de um microônibus que sairia três minutos depois do coletivo que foi soterrado. "Às 14h51, ele saiu (do ponto inicial), às 14h52 ele foi engolido. Eu estava observando quando ele sumiu na fumaça, na mesma hora chamei o motorista pelo Nextel e já deu fora de serviço?, disse Daniel Alves dos Santos, de 44 anos, motorista que presta serviços à Transcooper. "Era para ser eu, de última hora ele trocou a vez comigo", disse Santos, referindo-se a Reinaldo. Das testemunhas, a que descreveu o acidente com mais riqueza de detalhes foi a segurança Fernanda Garcia, 25 anos, que estava na porta de casa, na Rua Capri, local do acidente. "Um caminhão foi descarregar concreto, era muito grande, e o chão não agüentou. Na mesma hora, uma caçamba que estava suspensa pelo guindaste desabou e abriu uma grande cratera, levando junto o carro do meu pai, um microônibus e um monte de caminhões que estavam em volta", disse ela, que correu para a casa em tempo de ver a parede da sala desabar. "A Defesa Civil tirou a gente de casa e não deixou mais voltar. Estou com a roupa de três dias no corpo", reclamou a segurança, que trabalha em uma casa de forró no Largo da Batata. O microônibus engolido era do modelo Mascarelo e tinha o prefixo 26.457. "Sei que os passageiros eram dois adultos", disse o motorista Santos. Com as laterais de lata, o modelo Mascarelo é constituído de microfibras na partes de cima e da frente. "Por isso, acho que a situação está mal", disse. Texto atualizado às 7h50 para o acrescimo de informações

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