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Soterramentos fazem mais vítimas; foram 4 mil deslizamentos em 7 dias

Por Rodrigo Brancatelli
Atualização:

Novos deslizamentos de terra atingiram ontem a região do Morro do Baú, em Ilhota, a área mais remota e mais castigada pelas chuvas no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Pelo menos quatro pessoas de uma família que se recusava a deixar a casa foram soterradas em poucos segundos. Outras cinco residências acabaram sendo totalmente destruídas pelos desmoronamentos. A ordem dada pelo Exército no início da tarde era para evacuar todas as pessoas que estivessem ali, civis ou militares, mesmo que fosse "na marra". O número de deslizamentos na região já chega a 4 mil desde sábado passado, segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). A situação é desesperadora tanto para os moradores do Baú quanto para os militares e integrantes da Força Nacional de Segurança (FNS) que trabalham nas operações de resgate. A reportagem do Estado estava ontem no local na hora dos novos deslizamentos, acompanhando uma equipe de 11 homens e 6 cães farejadores da Força Nacional de Segurança (FNS). As buscas por três corpos que estavam soterrados nos destroços de uma casa tiveram de ser interrompidas imediatamente, assim que chegou a notícia de que um morro vizinho havia acabado de desmoronar. Um helicóptero da PM que sobrevoava a região do Baú também passou a informação de que havia muita água represada nas regiões mais altas dos morros e que qualquer pancada de chuva poderia provocar uma nova tragédia. Menos de 30 minutos depois, homens da FNS com rádios em punho gritavam que era preciso evacuar a região naquele exato momento. Rações, provisões e galões de água foram deixados para trás. "Quem ficar vai morrer, a lama vai vir e vai cobrir tudo aqui", bradava o sargento Marcelo Dias, integrante paulistano da Força Nacional que trabalhou no acidente da TAM e na cratera do Metrô. "Corre pra área mais alta que os helicópteros estão vindo buscar. Não fica absolutamente ninguém." PREVISÃO DO TEMPO Uma frente fria chegará ao Vale do Itajaí na noite de segunda-feira. "É uma situação preocupante para uma região muito fragilizada. Serão dois dias de céu encoberto, com pancadas de chuva e trovoadas, não descartando possibilidade de granizo", explicou o meteorologista Marcelo Martins, do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram). "Mantemos o estado de atenção e de alerta nas áreas onde houve deslizamento." Segundo Martins, a frente fria vai "quebrar o padrão" de ventos marítimos leste, um dos fatores que garantiram as chuvas ininterruptas que levaram à tragédia. "Mas a frente fria vai ser só uma trégua. Na quinta-feira, volta a chover." O número de vítimas das chuvas em Santa Catarina chegou ontem a 105. Mais um corpo foi achado em Blumenau, segundo a Defesa Civil do Estado. Em todo o Estado são mais 78.707 desabrigados ou desalojados. Doze cidades seguem em estado de calamidade pública.

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