SP tem a manhã mais lenta do ano

Às 10h30, congestionamento nas ruas da capital chegava a 155 km

PUBLICIDADE

Por Naiana Oscar e Vitor Sorano
Atualização:

A sexta-feira 13 do paulistano foi emblemática. A combinação véspera de fim de semana, caminhões quebrados, chuva e acidentes converteu o "azar" da data em recordes consecutivos de congestionamento. Pela manhã, o pico de lentidão era superado a cada meia hora: começou às 8h30 com 120 quilômetros e atingiu o ápice às 10h30, com 155 km. Foi o maior índice do ano, e a marca já está 10% acima do recorde registrado em fevereiro de 2008, no dia 26. Em janeiro, o trânsito até fluiu bem - a lentidão foi 28% menor do que no primeiro mês do ano passado. Há duas semanas, porém, o motorista tem reduzido a velocidade com mais frequência, sobretudo pela manhã. A média registrada das 7 às 10h dobrou: passou de 26 km em janeiro para 60 km, entre 2 de fevereiro e ontem. No período, o pico da tarde teve acréscimo de 10% - 66 para 73 km. "Os hábitos das pessoas e o ritmo nas empresas podem explicar essa diferença", diz o professor de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP, Jaime Waisman. "Como a produção é menor, em janeiro as pessoas adotam horários flexíveis." A aposentada Valmira Chaves, de 67 anos, acordou cedo para fugir da lentidão. Num outro dia talvez desse certo, mas ontem não. "Eram 7h30. Pelo horário, estava muito ruim na Ponte da Freguesia do Ó." Chovia, e logo às 5h uma carreta quebrou na Avenida Tancredo Neves, que ficou parcialmente bloqueada. O efeito cascata começou ali. Foram 34 acidentes e 64 veículos quebrados ontem na cidade, segundo a CET. Como as férias ainda não terminaram para a rede estadual de ensino e para as faculdades, os especialistas veem nesses índices um alerta. Março, que começa daqui a duas semanas, é o mês que historicamente registra o maior número de congestionamentos. "Depois do carnaval, as pessoas retomam as atividades, os deslocamentos aumentam e a tendência é piorar", diz Sérgio Ejzenberg, consultor de Trânsito e ex-engenheiro da CET. Em março do ano passado, a capital registrou seis recordes consecutivos de lentidão num período de 15 dias. Sob pressão, a Prefeitura anunciou medidas de curto prazo e a restrição de circulação de caminhões no centro expandido. Mas um fator pode fazer com que os próximos meses não sejam tão traumáticos. A crise econômica deve aliviar (ou manter estáveis) os índices de congestionamento. "A queda na produção e o desemprego reduzem o número de viagens", disse Ejzenberg.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.