O submarino nuclear Emeraude, enviado pelo governo francês, deve chegar na quarta-feira, 10, a região onde o avião da Air France caiu na noite de domingo, 31, para ajudar nas buscas. Utilizando um sistema sonar, o Emeraude tentará detectar sinais acústicos emitidos pelas caixas pretas do Airbus.
Junto com o Emeraude, junta-se à esquadra na região do acidente - a cerca de 100 quilômetros da costa de Recife - o navio de guerra Mistral, o qual transporta helicópteros que realizarão busca e resgate de corpos que restam no mar dentre os 228 passageiros e tripulantes do voo AF 447. A terceira embarcação esperada é o Porquoi Pas?, que traz consigo robôs submarinos capazes de explorar o fundo do oceano em altas profundidades, além de dois rebocadores do armador francês Louis Dreyfus, também equipados de sonares.
No Atlântico, segundo o Estado-Maior francês, já trabalham a fragata Ventôse, que efetuou o resgate de alguns dos corpos encontrados até aqui, além de dois aviões de patrulha marítima Atlântico 2, um avião de supervisão e buscas Falcon 50M e um avião de detecção e comando Awacs. As aeronaves, segundo as Forças Armadas do país, somavam até ontem 170 horas de buscas na região.
Questionado pela imprensa francesa, o porta-voz do Estado-Maior, capitão Christophe Prazuck, afirmou nesta terça-feira, 9, que a missão de busca tem abatido os militares deslocados para a costa brasileira. "Para eles, é uma missão difícil. Mas eles estão conscientes da importância de seus trabalhos para as famílias das vítimas."
Tamanha mobilização se dá à procura de dois equipamentos cujo tamanho é comparável a uma caixa de sapatos. A primeira caixa-preta é o Flight Data Recorder (FDR), que registra os parâmetros de voo, enquanto a segunda, o Cockpit Voice Recorder (CVR), registra as conversas de som na cabine de pilotagem. Segundo Laurent Kerleguer, engenheiro e especialista em ambiente marinho dos Serviços Hidrográficos e Oceanográficos (Shom), da Marinha da França, a complexidade das buscas pelos equipamentos dependerá da área de procura a ser delimitada e da profundidade em que os aparelhos estão perdidos. As caixas-pretas são consideradas peças importantes - mas não necessariamente cruciais - na apuração das causas pelo Escritório de Investigações e Análises sobre a Aviação Civil (BEA). (Com Andrei Netto, de O Estado de S. Paulo)