Suplicy sugere investigação interna no PT sobre compra de dossiê

O senador petista se disse ter surpreendido com o noticiário dos últimos dias, de que o PT estaria envolvido na compra e divulgação do suposto dossiê

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Por Agencia Estado
Atualização:

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), candidato à reeleição, disse nesta terça-feira que o Partido dos Trabalhadores deveria realizar uma investigação interna para apurar se houve participação de integrantes da legenda na compra do suposto dossiê, que envolveria o ex-ministro da Saúde e atual candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, no esquema de compra superfaturada de ambulâncias, a chamada Máfia dos Sanguessugas. Suplicy disse ter sido surpreendido com o noticiário dos últimos dias, de que o PT estaria envolvido na compra e divulgação do suposto dossiê e sugeriu que o crime seja "averiguado com profundidade", mesmo que, eventualmente, integrantes da legenda tenham participado da operação. Por outro lado, o senador tratou de defender o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que, mesmo que se confirme a participação do assessor presidencial Freud Godoy na operação, não deveria ser impugnada a candidatura presidencial de Lula, porque o presidente não teria conhecimento do fato. "Muitos jornais trazem hoje um paralelo desse episódio com o que envolveu o Gregório Fortunato, segurança do presidente Getúlio Vargas. Fortunato tomou a iniciativa de tentar matar o deputado Carlos Lacerda, um oposicionista de Vargas, e, obviamente, que o presidente não sabia daquilo e acabou numa situação de tal gravidade que Vargas cometeu suicídio", afirmou Suplicy, durante o lançamento do programa de governo do candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante. "Se alguém próximo do PT ou do presidente da República tomou a iniciativa sem conhecimento do presidente Lula, não é justo que ele (Lula) pague por isso, e o próprio presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio de Mello, saberá distinguir os resultados, se isso, de fato, aconteceu", acrescentou. Para não ficar somente na defensiva, Suplicy também cobrou elucidação, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, das acusações do suposto envolvimento de Serra no esquema dos sanguessugas. "Conheço o ex-ministro Serra desde os tempos em que éramos presidentes de centros acadêmicos; acompanhei as atividades dele como ministro da Saúde e prefeito de São Paulo e dou meu testemunho da maneira séria que ele sempre tem procedido. O mesmo também digo do governador Alckmin e tenho a convicção de que eles serão os primeiros a colaborar no esclarecimento dos fatos", disse o senador. Santo André Suplicy observou que não são verdadeiras as afirmações feitas pelo candidato a vice de Alckmin, senador José Jorge (PFL-PE), de que Freud Godoy poderia estar envolvido na morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, ocorrida em 2002. Por isso, Suplicy disse que solicitará ao ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, para que o caso seja elucidado. Ao mesmo tempo, acrescentou que pedirá ao ministro que autorize à Polícia Federal a apresentar à imprensa a quantia de R$ 1,75 milhão, apreendida com os dois intermediários presos na sexta-feira - o empresário Valdebran Padilha e o advogado Gedimar Passos - que seria utilizada para a compra do suposto dossiê. "A população gostaria de ver esse dinheiro e eu também gostaria. Vou ligar para o ministro e pedirei para que a PF mostre as notas de reais e dólares que foram apreendidas", afirmou.

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