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Surgem primeiras contradições do matador de crianças

Por Agencia Estado
Atualização:

As seis primeiras reconstituições da série de 12 assassinatos de crianças confessadas pelo biscateiro Adriano Vicente da Silva revelaram as primeiras contradições do matador e reforçaram a tese da polícia de que ele não agiu sozinho, como insiste em dizer, ou não cometeu pelo menos cinco crimes. Ao mesmo tempo em que foi impreciso ao descrever mortes que já estavam atribuídas a outros autores, Silva impressionou delegados, peritos e promotores relatando com exatidão o local e a posição dos cadáveres dos casos que não eram considerados esclarecidos. Nesta segunda-feira, ao fazer mais duas reconstituições - uma terceira estava prevista para a noite - em Passo Fundo, Silva contou como matou Alessandro Silveira, de 13 anos, em março, e Luciano Rodrigues, de nove anos, em outubro de 2003, e como enterrou os corpo, encontrados respectivamente em 20 de setembro e 29 de novembro. O método, como em todos os outros casos, foi atrair cada garoto com promessas de bons negócios ou presentes para, em local isolado, aplicar um golpe de luta tailandesa na vítima e asfixia-la com uma corda. "Os indícios de que ele (Silva) foi o autor são fortes", admitiu o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), João Paulo Martins, lembrando que para esses crimes as investigações haviam sido infrutíferas até a confissão que Silva fez na terça-feira passada, quando foi capturado. No sábado, em Soledade, Silva também demonstrou com exatidão como matou Douglas de Oliveira Haas, de dez anos, em abril do ano passado. O cadáver só foi encontrado na quarta-feira feira passada enterrado sob uma churrasqueira, por indicação do biscateiro. Para os outros três assassinatos reconstituídos no final de semana as versões de Silva não foram tão seguras. Ele levou os policiais aos matagais onde os corpos de Cassiano da Rosa, de nove anos, e Jeferson Cristiano Garcia, de 12 anos, foram encontrados. Mas não apontou com precisão o local do enterro e errou a posição dos cadáveres, ao dizer que estavam de barriga para cima. As ossadas localizadas em agosto, cinco meses depois dos desaparecimentos, estavam de bruços. Na reconstituição da morte de João Marcos Godois, de 12 anos, Silva conduziu os policiais ao local certo e disse que matou o garoto por estrangulamento. A perícia feita após a localização do corpo, em maio, 18 dias depois do desaparecimento, indicou morte por afogamento, com uma mão segurando a cabeça do menino sob a água de um riacho, versão que já havia sido confessada por dois homens e uma mulher de um grupo de seis traficantes preso pelo crime. Para confirmar se Silva agiu sozinho ou se está mentindo em algumas das versões que apresenta, a polícia vai cruzar depoimentos e possivelmente terá de ouvir novas testemunhas. Depois que a foto do biscateiro saiu nos jornais, diversas pessoas da região passaram a dizer que ele foi visto algumas vezes em companhia do bando preso. É possível ainda que Silva tenha participado dos dois assassinatos que a polícia considerava esclarecidos em Passo Fundo. Informações ainda não oficializadas pela Secretaria das Justiça e Segurança dão conta de que era dele o sêmen encontrado junto ao corpo de Volnei Siqueira dos Santos, de 12 anos, desaparecido em 9 de julho e encontrado cinco dias depois. A polícia havia atribui o crime a sete adolescentes, que ficaram presos durante 45 dias durante o ano passado. Assim como teria sido visto com a gangue juvenil, Silva também teria passado pelos lugares onde Jeferson Borges da Silveira circulou antes de desaparecer, em 2 de setembro. O cadáver foi encontrado no dia 5 de setembro, num local apontado por um representante comercial que assumiu a autoria do crime e está preso. Para os outros quatro assassinatos de crianças de Passo Fundo e para um em Lagoa Vermelha e um em Sananduva a polícia não tinha pistas de autores. São os casos que, somados aos de Douglas Haas, de Soledade, Silva descreveu com mais precisão nos depoimentos que deu e nas reconstituições que já fez.

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