Suspeita de antraz deixa aeroporto do Rio em polvorosa

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Por Agencia Estado
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A suspeita de o antraz ter chegado ao Rio, a bordo de um Airbus 340 da companhia alemã Lufthansa, deixou em polvorosa neste domingo o Aeroporto Internacional do Galeão/Antônio Carlos Jobim. Um pó branco, em quantidade de três a cinco gramas, foi encontrado por funcionários da limpeza, por volta das 8 horas, colocado sobre folhas de jornal deixadas embaixo de um dos assentos da classe econômica. A substância foi enviada à Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) para análise. O vôo LH-500, procedente de Frankfurt, chegara ao Rio às 6h13. A aeronave, que voltaria à Alemanha neste domingo mesmo, ficou retida no aeroporto. Por determinação da Polícia Federal, o vôo foi cancelado. Testes realizados por agentes da Delegacia da Polícia Federal do aeroporto mostraram que não se tratava de cocaína. Segundo o superintendente da Secretaria de Estado de Saúde, Oscar Berro, que participou das inspeções neste domingo, no aeroporto, por questões de segurança a análise do produto só será feita nesta segunda-feira, quando os laboratórios e as equipes técnicas da Fiocruz estiverem preparados. Neste domingo à tarde, a Infraero, empresa que administra os aeroportos brasileiros, chegara a divulgar que a Fiocruz se recusara a receber a amostra por causa da greve dos servidores federais. Das 185 pessoas que embarcariam no vôo LH-501 da Lufthansa neste domingo para Frankfurt, quatro desistiram da viagem e os demais seguiriam nesta segunda-feira, em outro vôo regular da companhia alemã, às 14h05. Nenhum deles alegou medo como motivo do adiamento da viagem. Apesar da movimentação de policiais e peritos da Vigilância Sanitária no aeroporto, os passageiros interpretavam o ocorrido como uma brincadeira de mau gosto. Quase ninguém parecia acreditar na hipótese de o antraz, que está levando pânico a Nova York, a quase 8 mil quilômetros de distância do Rio, ter chegado à cidade. ?Para mim, isto é piada?, disse o dinamarquês Michael Ronneback, de 23 anos, que, junto com dois amigos, aproveitava, na calçada do aeroporto, o último banho de sol no Rio, como se estivesse na praia. A Lufthansa providenciou acomodação para todos os passageiros que perderam o vôo. Alguns, por precaução, preferiram embarcar neste domingo mesmo, em outras companhias. Alguns passageiros e parentes estavam apreensivos. ?Meu marido quer ir, mas eu preferia que ele ficasse no Brasil. É muito perigoso?, disse a empresária Dalva Magalhães, de 60 anos, mulher do dentista Santos Esperança, de 67 anos, que visitará familiares na Alemanha. O pó foi recolhido por peritos da Vigilância Sanitária, que não divulgaram quais foram as medidas de segurança adotadas em seu transporte. A Fiocruz, que chegou a negar que tivesse sido oficialmente informada sobre o problema, confirmou, por volta das 16 horas, que o material fora recebido por uma médica que estava de plantão no Hospital Evandro Chagas, uma unidade especializada em doenças infecto-parasitárias administrada pela fundação. Segundo a coordenadora de Comunicação da Fiocruz, Cristina Tavares, o laudo do exame não ficará concluído em tempo inferior a 72 horas. A Lufthansa informou ter entrado em contato com a embaixada da Alemanha, em Brasília, para tentar pressionar o governo brasileiro a acelerar a conclusão dos testes. O avião da companhia viera para o Rio com 210 passageiros ? pouco mais de 60% de sua lotação ? e 15 tripulantes. Nenhum deles chegou a prestar depoimento na Polícia Federal, já que o pó foi encontrado duas horas depois do desembarque. Segundo a empresa, nenhum dos passageiros havia sido contactado para ser informado sobre o episódio, nem mesmo o que ocupara o assento sob o qual fora localizado o material. O diretor de Comunicação da Lufthansa, Rainer Stabroth, disse que a empresa somente entrará em contato com eles se ficar comprovado que o material oferece risco à saúde. Oscar Berro explicou que o pó passará por uma espécie de triagem, a começar por um exame bacteriológico. Em seguida, serão realizados diversos testes, até que os técnicos cheguem à identificação da substância. Doze funcionários da empresa de limpeza Globe Ground, que presta serviço à Lufthansa, estavam no avião quando o pó foi encontrado. ?Nossa maior preocupação, agora, é com as pessoas que tiveram contato com a substância, que terão de ser avaliadas?, disse Berro. Segundo ele, os funcionários estavam ?tranqüilos? e não demonstravam ter contraído qualquer doença. Depois de permanecerem isolados, eles foram submetidos a exames de sangue e, em seguida, puderam ir para casa. Um dos passageiros que embarcaria no vôo da Lufthansa para a Alemanha, o israelense Oded Turkaspa, de 24 anos, que faria em Frankfurt uma conexão para Israel, disse que só se sente seguro em seu país. ?Lá temos um sistema de segurança eficiente, muito diferente do brasileiro.? Os passageiros que esperavam para embarcar contaram que, em princípio, a empresa informou que o atraso do vôo se devera a um problema técnico no avião. Leia o especial

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