Suspeitos de crime em Bragança estão presos em Sorocaba

Joabe Severino Ribeiro e Luís Fernando Pereira são acusados de seqüestrar e matar três pessoas incendiando o carro em que estavam amarrados

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os dois homens que seqüestraram e mataram Leandro Donizete de Oliveira, de 31 anos, sua mulher Eliana Faria da Silva, de 32, e o filho do casal, Vinícius, de 5 anos, incendiando o carro em que estavam amarrados, passaram a ocupar desde a tarde desta quinta-feira, 14, uma cela do "seguro" na Penitenciária Doutor Antonio de Souza Neto, a P II, de Sorocaba. O presídio, localizado no bairro de Aparecidinha, a 15 km do centro, é considerado de segurança máxima. Os criminosos, o serralheiro Joabe Severino Ribeiro, de 36 anos, e o Luís Fernando Pereira, de 37, foram transferidos por razão de segurança - na cidade, onde o crime causou grande comoção, corriam o risco de linchamento. Eles deram entrada na penitenciária em duas viaturas policiais - uma delas usada como escolta -, passaram por exames e foram levados para o "seguro", conjunto de celas onde ficam presos jurados de morte. Mesmo ali, ficariam numa cela isolada. Segundo um funcionário, os 1.290 presos fizeram "muito barulho" quando souberam da chegada dos bandidos. "Foi só gritaria, do tipo: traz eles aqui pra nós", contou. Faca é encontrada O serralheiro Joabe Severino Ribeiro, 36 anos, e o eletricista Luiz Fernando Pereira, 37 anos, indicaram nesta quinta-feira o local em que deixaram a faca usada para fazer os cortes no pescoço da gerente Eliana, queimada viva na madrugada de segunda-feira, com seu marido, filho e uma colega de trabalho, após assalto em Bragança Paulista, interior de São Paulo. Os dois homens, presos na segunda e terça-feira, afirmaram que a intenção inicial não era matar a família e disseram que tentaram tirar a criança a e uma das duas moças do carro. "Estou acabado. Eu sou um monstro. Menti para muitos amigos e traí a confiança de muitos deles", afirmou Pereira. Ele confessou ter sido o mentor do assalto, mas negou que tenha planejado as mortes. "Eu devia R$ 4.500,00 para ele (Ribeiro)", afirmou. "Tínhamos uma amizade de 13 anos (Pereira, Eliana e o marido, Leandro Donizete de Oliveira). Não ia matar. A intenção era queimar o carro e deixar todos eles lá." Já Ribeiro confessou ter sentido medo de as comerciantes reconhecerem Pereira. "Elas falaram uma para a outra que era o Fernando", afirmou. O delegado seccional de Bragança, Paulo Afonso Tucci, disse não ter dúvidas de que as vítimas morreram por terem reconhecido os assaltantes. "Elas foram condenadas à morte por esse motivo", disse. A polícia ainda não fez a reconstituição completa do crime. Os assaltantes serão transferidos para cadeias do interior do Estado de São Paulo, cuja localização não será divulgada pela polícia. Divergências Ribeiro e Pereira acusam um ao outro pela autoria da idéia de matar as pessoas que estavam no Palio de Leandro e Eliana. Ambos dizem que a intenção era roubar o dinheiro do cofre da loja Sinhá Moça. Pereira, para pagar o cunhado serralheiro. Ribeiro, para pagar parte de uma casa, já que mora de aluguel. O crime ocorreu por volta de 1 hora, na estrada municipal nº 2, bairro do Tanque, em Bragança. Os suspeitos teriam feito Eliana, seu marido e filho reféns no início da noite e levado todos até a casa de Luciana, no Palio de Eliana, onde pegariam a chave da loja. Como a gerente não possuía a chave do cofre, o grupo voltou à casa de Luciana e a levou junto para o estabelecimento, por volta de 22 horas. Depois de levar o dinheiro do cofre, os supostos assaltantes retornaram à casa de Eliana, pegaram o Kadett de Ribeiro e levaram os quatro reféns para a estrada velha Bragança-Atibaia, amarrados com faixas de ataduras. Segundo a polícia, os suspeitos perderam um revólver calibre 32 no caminho. A arma foi levada pelos peritos totalmente carregada. "Eles abandonaram as vítimas no carro, depois voltaram para se certificar de que estavam mortas. Nessa hora, Eliana foi encontrada viva e então teve o pescoço cortado. Luciana fingiu estar morta, e foi jogada num matagal. O menino estava ao lado do carro, chorando e gritando pela mãe, segundo Luiz Fernando", afirmou Tucci. Para o delegado, o caso está encerrado. O motivo do crime seria o roubo. O que teria levado os assaltantes a matar três pessoas e ferir gravemente outra foi o medo do reconhecimento, disse o delegado. Anteontem, a polícia encontrou R$ 15.459,26 em cheques, notas e moedas roubados da loja Sinhá Moça. O dinheiro estava no forro da casa de Pereira. Riscos O estado de saúde da gerente-caixa Luciana Michele de Oliveira Dorta, única sobrevivente do latrocínio, é grave, estável e com sinais positivos que podem levar os médicos a submeterem a moça hoje à primeira cirurgia depois do trauma. O objetivo é encontrar alternativas para repor o tecido das áreas queimadas. Luciana teve 70% do corpo gravemente ferido. Segundo o coordenador de tratamento de queimadura do hospital em que a moça está internada, Flávio Novaes, a moça ainda corre riscos porque, apesar de os médicos terem conseguido equilibrar os líquidos do corpo abruptamente desidratado, o funcionamento dos rins e pulmão pode ser prejudicado, como é comum em casos como este. Policiais, responsáveis pelo hospital e membros da família da moça de 27 anos pediram que o nome do hospital não fosse divulgado, para garantir a segurança da paciente. Ela foi transferida de Bragança para lá com escolta policial. Segundo familiares, Luciana teria sofrido ameaças após o latrocínio.

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