Suspeitos negam que tenham planejado queimar casal

Serralheiro e eletricista foram até o local do crime em Bragança Paulista

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Por Agencia Estado
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O serralheiro Joabe Severino Ribeiro, 36 anos, e o eletricista Luiz Fernando Pereira, 37 anos, indicaram nesta quinta-feira o local em que deixaram a faca usada para fazer os cortes no pescoço da gerente Eliana Faria da Silva, 32 anos, queimada viva na madrugada de segunda-feira juntamente com seu marido, o filho e uma colega de trabalho, após assalto em Bragança Paulista, interior de São Paulo. O casal e o garoto de 5 anos morreram. Os dois homens, presos na segunda e terça-feira, afirmaram que a intenção inicial não era matar a família e disseram que tentaram tirar a criança e uma das duas moças do carro. "Estou acabado. Eu sou um monstro. Menti para muitos amigos e traí a confiança de muitos deles", afirmou Pereira. Ele confessou ter sido o mentor do assalto, mas negou que tenha planejado as mortes. "Eu devia R$ 4,5 mil para ele (Ribeiro)", afirmou. "Tínhamos uma amizade de 13 anos (Pereira, Eliana e o marido, Leandro Donizete de Oliveira). Não ia matar. A intenção era queimar o carro e deixar todos eles lá." Já Ribeiro confessou ter sentido medo de as comerciantes reconhecerem Pereira. "Elas falaram uma para a outra que era o Fernando", afirmou. O delegado seccional de Bragança, Paulo Afonso Tucci, disse não ter dúvidas de que as vítimas morreram por terem reconhecido os assaltantes. "Elas foram condenadas à morte por esse motivo", disse. A polícia ainda não fez a reconstituição completa do crime. Os assaltantes serão transferidos para cadeias do interior do Estado de São Paulo, cuja localização não será divulgada pela polícia. Divergências Ribeiro e Pereira acusam um ao outro pela autoria da idéia de matar as pessoas que estavam no Palio de Leandro e Eliana. Ambos dizem que a intenção era roubar o dinheiro do cofre da loja Sinhá Moça. Pereira, para pagar o cunhado serralheiro. Ribeiro, para pagar parte de uma casa, já que mora de aluguel. O crime ocorreu por volta de 1 hora, na estrada municipal nº 2, bairro do Tanque, em Bragança. Os suspeitos teriam feito Eliana, seu marido e filho reféns no início da noite e levado todos até a casa de Luciana, no Palio de Eliana, onde pegariam a chave da loja. Como a gerente não possuía a chave do cofre, o grupo voltou à casa de Luciana e a levou junto para o estabelecimento, por volta de 22 horas. Depois de levar o dinheiro do cofre, os supostos assaltantes retornaram à casa de Eliana, pegaram o Kadett de Ribeiro e levaram os quatro reféns para a estrada velha Bragança-Atibaia, amarrados com faixas de ataduras. Segundo a polícia, os suspeitos perderam um revólver calibre 32 no caminho. A arma foi levada pelos peritos totalmente carregada. "Eles abandonaram as vítimas no carro, depois voltaram para se certificar de que estavam mortas. Nessa hora, Eliana foi encontrada viva e então teve o pescoço cortado. Luciana fingiu estar morta, e foi jogada num matagal. O menino estava ao lado do carro, chorando e gritando pela mãe, segundo Luiz Fernando", afirmou Tucci. Para o delegado, o caso está encerrado. O motivo do crime seria o roubo. O que teria levado os assaltantes a matar três pessoas e ferir gravemente outra foi o medo do reconhecimento, disse o delegado. Anteontem, a polícia encontrou R$ 15.459,26 em cheques, notas e moedas roubados da loja Sinhá Moça. O dinheiro estava no forro da casa de Pereira. Riscos O estado de saúde da gerente Luciana Michele de Oliveira Dorta, única sobrevivente do latrocínio, é grave, estável e com sinais positivos que podem levar os médicos a submeterem a moça hoje à primeira cirurgia depois do trauma. O objetivo é encontrar alternativas para repor o tecido das áreas queimadas. Luciana teve 70% do corpo gravemente ferido. Segundo o coordenador de tratamento de queimadura do hospital em que a moça está internada, Flávio Novaes, a moça ainda corre riscos porque, apesar de os médicos terem conseguido equilibrar os líquidos do corpo abruptamente desidratado, o funcionamento dos rins e pulmão pode ser prejudicado, como é comum em casos como este. Policiais, responsáveis pelo hospital e membros da família da moça de 27 anos pediram que o nome do hospital não fosse divulgado, para garantir a segurança da paciente. Ela foi transferida de Bragança para lá com escolta policial. Segundo familiares, Luciana teria sofrido ameaças após o latrocínio.

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