A estudante Suzane Louise Von Richthofen, o namorado Daniel Cravinhos de Paula e o irmão dele, Christian Cravinhos, acusados do assassinato do engenheiro Manfried Albert Richfhofen e Marisia Von Richthofen, pais de Suzane, irão a júri popular por duplo homicídio triplamente qualificado. Com o apoio de Suzane, os irmãos Cravinhos assassinaram o casal a pauladas e por asfixia enquanto dormiam, na noite de 31 de outubro do ano passado, no Campo Belo. Os três foram pronunciados hoje pelo juiz Alberto Anderson Filho, que citou como qualificações: motivação torpe, recurso que impossibilitou defesa das vítimas e emprego de meio cruel na execução do crime. O juiz manteve a prisão preventiva dos acusados, que deverão aguardar o julgamento na cadeia. ?Embora os réus sejam primários e não ostentem antecedentes, os crimes de homicídio pelos quais serão julgados são de extrema gravidade, estão classificados como hediondos e causaram intenso clamor público". Dessa forma, acredita o juiz, se eles forem colocados em liberdade, a ordem pública poderia não estar garantida. A pena para cada réu pode variar de 24 a 60 anos de prisão em regime fechado. Se não houver recurso por parte da defesa, o julgamento ocorrerá ainda este ano. Tudo indica, porém, que a defesa irá apelar ao Tribunal de Justiça. Os advogados dos irmãos Cravinhos pediram, sem êxito, o afastamento das qualificadoras do motivo torpe - Cristian teria recebido dinheiro para participar da empreitada, e Daniel e Suzane foram impelidos pela vingança porque os pais se opunham ao namoro de ambos - e do meio cruel (pauladas e asfixia). No mesmo sentido foi a manifestação da defesa de Suzane. Caso haja apelação, o júri popular não ocorrerá antes de três anos, prazo médio para julgamento de recurso no Tribunal de Justiça. Interrogados na Justiça, os réus confessaram com detalhes a prática do crime. O promotor Roberto Tardelli destacou na denúncia que o namoro entre Daniel e Suzane era desaprovado pelos pais da estudante. Eles passaram a ter controle mais rígido sobre ela, e proibiram a entrada de Daniel na casa. Os encontros cada vez mais dificultados, e ante as ameaças dos pais de deserdarem Suzane, ela começou a pensar em eliminar as vítimas. Daniel fabricou os porretes usados no assassinato, e Suzane utilizou luvas cirúrgicas pertencentes à mãe, com a intenção de não deixar vestígios. Foi prometido a Cristian todo o dinheiro que fosse encontrado na casa. No dia do crime, Suzane permitiu a entrada dos irmãos Cravinhos à casa e ao quarto dos pais. Após desfecharem pauladas nas vítimas, Cristian estrangulou Marisia e enfiou-lhe uma toalha na boca, envolvendo sua cabeça com um saco de lixo. Por sua vez, Daniel ensopou uma toalha, jogando-a sobre a cabeça de Manfried para asfixiá-lo. Antes de se retirarem, eles levaram jóias, R$ 10 mil e dólares. O juiz Anderson Filho diz, na sentença, que estão presentes os dois requisitos exigidos para mandar os três acusados à júri: prova da materialidade e indício suficiente da autoria. Cristian deverá responder também de crime de furto, uma vez que se apossou de jóias pertencentes às vítimas, apreendidas pela polícia.