TAM promete complementar indenizações se necessário

PUBLICIDADE

Por CLÁUDIA PIRES
Atualização:

A TAM pretende complementar as indenizações dos familiares das vítimas do vôo 3054 se o seguro não for suficiente e promete adotar um processo de pagamento mais rápido que o adotado após a queda do Fokker 100 da empresa em 1996. As informações foram dadas pelo presidente da empresa, Marco Antonio Bologna, nesta quinta-feira em depoimento à CPI da crise aérea na Câmara. "A TAM tem um seguro de cobertura ampla. Se esse não for suficiente, o que nós não acreditamos, ele será também complementado pela companhia naquilo que for necessário", afirmou Bologna. "É uma ampla cobertura tanto para os vitimados em vôo quanto em solo", acrescentou. Segundo o balanço da TAM relativo ao primeiro trimestre, o mais recente disponível, a empresa mantém seguros em "montantes acima dos valores mínimos obrigatórios que considera necessários para cobertura de eventuais sinistros". Segundo o balanço, o valor máximo indenizável chega até 1,5 bilhão de dólares, incluindo aviões e responsabilidades civis. Bologna explicou que as indenizações serão pagas após análise caso a caso. "A apólice cobre amplamente todos os riscos, e (o assunto) será tratado individualmente, levando em consideração a situação de cada família", acrescentou. Sobre a agilidade do processo de pagamento no caso do vôo 3054 em relação à queda do Fokker 100, o presidente da empresa afirmou que a legislação sobre seguros de 1996 só permitia o pagamento das indenizações após a conclusão do processo de investigação, impedimento que não existe agora. No caso do Fokker 100, Bologna confirmou que 10 por cento dos familiares de vítimas daquele acidente não receberam ainda a indenização, apesar de as investigações já terem sido encerradas. "Esses 10 por cento ainda não chegaram a um acordo porque saíram do controle local e fizeram demandas para fora do país", afirmou. O relatório final do acidente, segundo ele, isentou a TAM de responsabilidades e apontou falhas no equipamento do fabricante. No caso do vôo 3054, o escritório que defende uma das vítimas estrangeiras do acidente afirma já ter sido procurado por dez famílias de vítimas interessadas em processar a TAM. Os advogados Steven Marks e Ricardo Martinez-Cid representam a família do peruano Ricardo Tarzoe, que morava em Miami e morreu no acidente. INVESTIGAÇÕES EM CURSO O Airbus A320 da TAM protagonizou o pior acidente da aviação brasileira em 17 de julho, ao fracassar na manobra de pouso em Congonhas. A aeronave atravessou a pista do aeroporto, avançou num vôo rasante sobre uma movimentada avenida na capital paulista, chocando-se contra prédios, incluindo um da TAM Express. As 187 pessoas a bordo e pelo menos 12 em terra morreram, e todas serão incluídas no total das indenizações, informou o executivo. Sobre os diálogos da caixa-preta do Airbus da TAM, divulgados pela CPI na véspera, Bologna disse que tomou conhecimento do conteúdo pela imprensa e que, apenas a partir desta quinta-feira, a empresa passa a participar do processo investigatório. No período da tarde, a CPI deve ouvir o depoimento do representante da Airbus no Brasil, Mário Sampaio. A causa do acidente ainda não está estabelecida, mas já foi identificado que um dos manetes do Airbus da TAM estava em posição de aceleração quando o avião aterrissou em Congonhas, o que estaria fora da recomendação da Airbus. A aeronave tinha o reverso direito inativo, o que era de conhecimento dos pilotos, como ficou claro pela degravação do diálogo na cabine. A Airbus permite que as companhias operem as aeronaves por 10 dias sem um dos reversos e orienta que é necessário que os pilotos posicionem as alavancas que controlam a aceleração (manetes) em ponto morto (idle).

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.