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Taxa de suicídio no Brasil sobe 17% em 10 anos, puxada por indígenas

Municípios com taxas exagerademente elavadas tem uma coisa em comum: assentamentos índigenas

Por Lisandra Paraguassu , Ligia Formenti e Rafael Moraes Moura
Atualização:

BRASÍLIA - Embora o Brasil não tenha tradição ou cultura suicida, o Mapa da Violência/2011, divulgado nesta quinta pelo Instituto Sangari e o Ministério da Justiça, revela que, das três causas de mortalidade violenta, os suicídios foram os que mais cresceram na década de 1998-2008: 17% tanto para a população total quanto para a jovem (com idade entre 15 e 24 anos). As outras duas causas de morte violenta são os homicídios e os acidentes de transporte.

 

 

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O Mapa revela uma característica especial entre os municípios com índices exageradamente elevados de suicídios: vários deles são sedes de assentamentos de comunidades indígenas. É o caso de Amambaí e Paranhos, no Mato Grosso do Sul, que encabeçam a lista de suicídios na população total, ou de Dourados, também no Mato Grosso do Sul, e Tabatinga, no Amazonas, que encabeçam a lista de suicídios juvenis.

 

Segundo o estudo, "o nível de suicídios do Brasil, em termos internacionais, pode ser considerado relativamente baixo." Com taxa de total de 4,9 suicídios em 100 mil habitantes, o país ocupa a 73ª posição entre os 100 países pesquisados. Mas na faixa de idade entre 15 e 24 anos a taxa é de 5,1 suicídios para cada 100 mil jovens. Essa taxa faz o Brasil subir para a 60ª posição, uma situação intermediária.

 

Há outra característica preocupante no Brasil. Os suicídios juvenis são menos frequentes, no mundo, que os suicídios adultos. No Brasil acontece o contrário. O estudo comparou os dados com 100 países pesquisados e mostra que em 70 deles as taxas de suicídio totais são iguais ou maiores que as juvenis.

 

Índios. Sobre a população indígena não jovem e jovem, o Mapa da Violência/2011 faz este relato mais detalhado. "Estimativas realizadas a partir de dados de população da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do número de suicídios indígenas registrados pela SIM/MS, a taxa nacional de suicídios indígenas seria de 20 para cada 100 mil índios (quatro vezes a média nacional)", afirma o relatório.

 

"Se essa é a média nacional, a população indígena encontra-se distribuída de forma muito desigual no território. Tomando só os dois estados que registram 81% dos suicídios indígenas - Mato Grosso do Sul e Amazonas -, teríamos, pelos dados de população indígena da Funai, que o Amazonas apresenta uma taxa de 32,2 suicídios para cada 100 mil indígenas (seis vezes a média nacional) e Mato Grosso do Sul, de 166 suicídios por cada 100 mil indígenas (mais de 34 vezes a média nacional). Essas estimativas se referem à população total.".

 

E conclui: "Tomando especificamente a população indígena jovem, teríamos para o Amazonas uma taxa de 101 suicidas para 100 mil jovens e de 446 para Mato Grosso do Sul, índices que não têm comparação nem no contexto internacional, entre os países com taxas de suicídio consideradas trágicas. Não resta dúvida de que, neste campo, deveríamos ter condições de formular, de forma rápida e emergencial, políticas e estratégias em condições de enfrentar esse flagelo".

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