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Taxista acidentado em aeroporto corre risco de morte

Por Agencia Estado
Atualização:

Um deslocamento de ar provocado pela decolagem de um Boeing no aeroporto Santos Dumont, no centro da cidade, causou nesta terça-feira um grave acidente envolvendo um táxi. O motorista Antônio Almeida Macedo, de 60 anos, desobedeceu a sinalização da Avenida Sílvio Noronha, que cruza a cabeceira da pista, e foi lançado para fora do carro, que capotou e caiu na Baía de Guanabara. Macedo bateu com a cabeça nas pedras e passou por uma neurocirurgia. Macedo, que é português, corre risco de morte. Socorrido por bombeiros, Macedo foi levado em estado grave para o Hospital Souza Aguiar, no centro. À tarde, submeteu-se a uma cirurgia na cabeça, durante a qual os médicos fizeram a drenagem do hematoma causado pelo choque contra as pedras. Ele está no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do hospital. De acordo com a Infraero, empresa que administra os aeroportos brasileiros, o acidente foi causado pela imprudência do taxista. Na Sílvio Noronha ? que dá acesso à Escola Naval, de onde o motorista voltava em seu Santana ?, existe um sinalizador luminoso e sonoro que avisa quando há aeronaves chegando ou decolando. No momento em que o taxista cruzou a pista, por volta das 9 horas, um Boeing 737 da Vasp partia da pista 02 do Santos Dumont, aeroporto por onde circulam vôos domésticos. A Infraero informou que nunca houve um caso semelhante porque os carros que passam pelo local costumam respeitar a sinalização. Os veículos só devem passar quando o aviso sonoro cessa, significando que a pista está livre. O acidente ocorreu porque o deslocamento de ar ao redor de um avião em decolagem é muito forte, já que a aeronave é um objeto de grande porte que imprime uma velocidade muito alta durante a decolagem. A explicação é de Átila Freire, professor de Engenharia Mecânica da Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ). ?Esse é um fenômeno cotidiano: se você está num carro e passa um ônibus ao seu lado, você sente o carro chacoalhar. O ar não pode passar por dentro de um corpo, ele escoa ao redor. A pressão, então, varia. No caso de um avião, a velocidade é altíssima e a área frontal é muito grande, daí o enorme deslocamento de ar?, disse Freire, que é chefe do Laboratório de Mecânica da Turbulência da Coppe. O departamento de Segurança do Sindicato Nacional dos Aeronautas acredita que a colocação de uma cancela junto ao sinalizador evitaria novos acidentes. ?Deveria existir uma barreira para impedir que os carros passassem, além de um funcionário da Infraero que tivesse comunicação com a torre. Do jeito que está hoje, é muito possível que haja outros acidentes?, defendeu Orlando Rodrigues, diretor da entidade. ?Possivelmente, esse taxista não fazia o itinerário com freqüência e não sabia do risco que estava correndo.? O departamento de segurança do sindicato vai encaminhar sugestão ao Departameto de Aviação Civil (DAC) para que a cancela seja instalada no local.

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