Tela metálica evitaria comunicação por celulares

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O professor da faculdade de engenharia elétrica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Vítor Baranauskas, diz que o uso de telas de galinheiro pode impedir a comunicação de celulares nos presídios. Segundo ele, as ondas eletromagnéticas emitidas pelos aparelhos, ao baterem na tela metálica, geram uma corrente elétrica que as manda de volta, impossibilitando a comunicação. Ele diz que o fenômeno foi constatado no século passado, pelo cientista Michael Faraday, um dos pioneiros no desenvolvimento da eletricidade. Faraday demonstrou que uma gaiola metálica está livre de qualquer tipo de onda magnética ou descarga elétrica. "Os elétrons se repelem, impedindo a entrada das ondas", explica Baranauskas. No caso dos celulares, segundo Baranauskas, isso é possível porque as ondas dos aparelhos se propagam a uma distância de 30 centímetros umas das outras. "Como os orifícios da tela metálica têm apenas 5 centímetros de diâmetro, as ondas não conseguem passar", diz. Segundo ele, o artifício já é usado em estúdios de rádio e TV. Nos casos em que as antenas de telefonia celular são mais baixas que os muros dos presídios, Baranauskas diz que bastaria instalar as telas do lado de fora das muralhas. "Pode-se até revesti-las de argamassa", garante. Já nos presídios onde as torres de telefonia estão muito próximas ou são maiores que os muros, seria necessário revestir todo o prédio, para "fechar a gaiola". A principal vantagem, segundo ele, está no custo. Um metro de tela metálica sai por R$ 1,60. "É uma alternativa barata, de fácil instalação, e muito eficiente", garante. Baranauskas diz que, para testar o sistema, basta uma pessoa entrar em um galinheiro com aparelho celular, rádio de pilha ou televisão. "Nada irá funcionar porque as ondas não conseguirão entrar". Baranauskas diz que há outras alternativas no mercado, mas o custo não compensaria. Uma delas seria instalar torres de telefonia dentro dos presídios. Só que em vez de receber as ondas, as antenas emitiriam ruídos na mesma freqüência, confundindo os sinais. Para o pesquisador, porém, esse sistema apresenta duas desvantagens em relação às telas de galinheiro. Uma delas é o alto custo. Empresas francesas e israelenses, segundo Baranauskas, estão vendendo as torres por US$ 600 mil cada. "Com esse dinheiro daria para construir mais presídios", diz. O outro aspecto negativo é que as torres também poderiam afetar as casas nas regiões vizinhas aos presídios, prejudicando os moradores.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.