Telefônica culpa hackers por pane do Speedy

Clientes reclamam que banda larga continua a dar problema; a Anatel abriu investigação

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Por Renato Cruz
Atualização:

Clientes do Speedy, serviço de banda larga da Telefônica, de várias partes do Estado continuaram sofrendo com paralisações e instabilidade do serviço ontem. Os problemas começaram no fim de semana. Na terça-feira, o acesso chegou a cair pela maior parte do dia, para um grande número de clientes. A operadora apontou a ação de criminosos virtuais como causa do problema. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) abriu uma investigação sobre o caso. A fiscalização da agência também analisa problemas da Vivo em Belo Horizonte e da TIM em vários Estados. Segundo comunicado da Anatel, a falha "afetou todos os cerca de 4 milhões de usuários do Speedy". O Procon-SP planeja entrar com uma ação coletiva, para que os consumidores sejam indenizados. "A Telefônica informa que, nos últimos dias, parte da sua infraestrutura que dá suporte ao acesso à internet tem sido alvo de ações deliberadas e de origem externa que acarretaram dificuldades de navegação em páginas da internet", disse a empresa em comunicado. Para quem sofre na pele com a instabilidade do Speedy, não importa muito quem é o culpado. É o caso de Erik Issonaga, proprietário da lan house Mantronic, na zona norte de São Paulo. Na terça-feira, o acesso caiu às 10h30, voltou por meia hora à tarde e saiu do ar de novo. Na quarta, a conexão não funcionou entre 19 e 22 horas e, ontem, caiu três vezes e voltou, ficando cerca de 20 minutos fora do ar a cada vez. "A lan house para, fica sem movimento nenhum", afirmou Issonaga. "É a mesma coisa que chegar ao açougue e ouvir que não tem carne." Em seu comunicado, a Telefônica disse que é vítima de um ataque aos seus servidores de nome de domínio (DNS, na sigla em inglês). Essas máquinas transformam os nomes de sites digitados pelos internautas, como www.speedy.com.br, em endereços numéricos usados pelo protocolo de internet, responsável pelo funcionamento da rede mundial. O tipo de ataque também é chamado de negação de serviço (ou denial of service, em inglês). Os criminosos virtuais inundam esses servidores com pedidos falsos de páginas de internet, fazendo com que eles não consigam atender às solicitações verdadeiras dos internautas. Normalmente, esses hackers do mal fazem uso de computadores zumbis, máquinas infectadas que acabam enviando esses pedidos falsos sem que seus donos saibam. Os problemas com o Speedy atingiram regiões além da Grande São Paulo. Segundo o publicitário Armando Costa, clientes de Iguape e de outras cidades do litoral sul de São Paulo ficaram sem conexão na terça-feira. "O problema já estava ocorrendo desde o domingo e afetou prefeituras, bancos e empresas", informou Costa, por correio eletrônico. Leandro Scudere, autor do livro Risco Digital, afirmou que esses ataques devem ser combatidos com investimento. "É um problema de infraestrutura, que exige investimento alto em roteamento, em algoritmos de tráfego e até em mudanças na topologia de rede."

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