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'Temos um Brasil que ainda nos envergonha', diz secretária do governo sobre IDH

Relatório divulgado nesta segunda mostra que o índice do País ficou estagnado; Brasil é o que mais perde posições quando o valor é ajustado à desigualdade

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Por Daniel Weterman
Atualização:

BRASÍLIA - A secretária-executiva do Ministério da Cidadania, Ana Maria Pellini, afirmou que há uma "caminhada muito longa" pela frente para reduzir as desigualdades no País e melhorar o desenvolvimento nacional. "Realmente, nós temos muitos Brasis. Nós temos um Brasil que se desenvolve, que nos orgulha na ciência e tecnologia e em tantas coisas, mas nós temos um Brasil que ainda nos envergonha, e nós temos que tomar ações para minimizar isso", disse a secretária.

O relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (Pnud), divulgado nesta segunda-feira, 9, mostra que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro ficou praticamente estagnado de 2017 a 2018, período governado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB). De um ano para outro, o País caiu uma colocação quando comparado entre 190 países e territórios mapeados pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A secretária-executiva do Ministério da Cidadania, Ana Maria Pellini Foto: Clarice Castro/Ministério da Cidadania

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O Brasil é o país que mais perde posições no ranking mundial do IDH quando o valor é ajustado à desigualdade, ou seja, quando se leva em consideração as distorções em saúde, educação e renda.

A secretária citou os 4 milhões de jovens que nem estudam nem trabalham no País e as 13,5 milhões de famílias que dependem do Bolsa Família para sobreviver. Em entrevista após o evento de lançamento do relatório, em Brasília, Ana Maria afirmou que o governo estuda uma reformulação para oferecer "portas de saída" aos dependentes do programa, mas não detalhou as mudanças pretendidas pelo governo.

Nós temos um Brasil que se desenvolve, que nos orgulha na ciência e tecnologia e em tantas coisas, mas nós temos um Brasil que ainda nos envergonha

Ana Maria Pellini, secretária-executiva do Ministério da Cidadania

Ela apontou a distribuição de drogas como uma "calamidade" entre os jovens brasileiros e afirmou que a camada mais pobre da população é muito vulnerável ao crime organizado. Como ações para elevar o IDH brasileiro, a secretária citou o programa Criança Feliz, uma das vitrines do governo Bolsonaro e da primeira-dama Michelle Bolsonaro, e investimentos na educação.

"Temos uma caminhada muito longa ainda para ter um País que se desenvolva de maneira uniforme, elevando todos, não deixando ninguém para trás", disse.

O IDH brasileiro é apontado como "alto", uma classificação considerada de segundo escalão, já que o índice pode ser baixo, médio, alto ou muito alto.

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"O Brasil deixou de ser vermelho para ser verdinho. Está em um bom caminho", comentou a secretária, em relação às cores que classificam o índice.

'Décadas perdidas com esquerdismo'

Após a divulgação dos dados, a Casa Civil apresentou um parecer afirmando que o indicador revela "todo o legado das décadas perdidas com esquerdismo e estatismo".

Além disso, os resultados apontam para a "hipocrisia do discurso petista de atenção aos necessitados e a ineficiência das políticas petistas de combate à desigualdade", diz a Casa Civil.

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O governo Bolsonaro cita uma série de medidas tomadas para reduzir as desigualdades, como descentralização de recursos para Estados e municípios, combate a fraudes no Bolsa Família e foco no ensino de base.

Após o lançamento do relatório, a coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Humano do Pnud, Betina Ferraz Barbosa, apontou investimentos na primeira infância como um dos principais desafios para o Brasil avançar no indicador. Ela ainda chamou atenção para o avanço do IDH brasileiro nas últimas décadas - em 1990, o índice era de apenas 0,613.

"O que nós estamos alertando é que as desigualdades podem se acirrar a partir deste século porque os países detêm capacidades de ciência, tecnologia e inovação diferenciadas", afirmou a coordenadora. "Estamos contentes com a evolução do IDH brasileiro, ele demonstra uma tendência sólida de crescimento nos últimos anos, mas precisamos estar alerta às novas agendas de desenvolvimento, que são importantes para o Brasil e para o planeta."

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