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Tempestade na hora do acidente era normal

15 minutos antes, avião tinha enfrentado situação pior

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Por Redação
Atualização:

Imagens de satélite feitas no momento em que o Airbus realizava o voo AF447 na noite de domingo indicam que a tempestade enfrentada pelo A330 não foi mais grave do que o normal. A afirmação foi feita pela Méteo France, órgão de meteorologia que auxilia nas pesquisas realizadas pelo Escritório de Investigações e Análises sobre a Aviação Civil (BEA). De acordo com imagens registradas às 23h15 - o minuto seguinte ao momento em que se presume tenha ocorrido a queda do Airbus -, a temperatura no interior da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) era de cerca de -82ºC. Essa temperatura era mais elevada do que o verificado nas piores ZCITs formadas na região equatorial, o que significa que a tempestade não era a mais violenta que as que os voos da rota podem atravessar. "Se tomamos como base as análises de três ou quatro dias seguintes, vemos fenômenos similares e bem mais poderosos", afirmou Alain Ratier, diretor-geral adjunto da Méteo France. Embora as condições meteorológicas fossem ruins no momento da passagem do voo AF447, 15 minutos antes - quando a temperatura no interior da ZCIT superava os -90ºC - eram piores. "Às 2h15, a tempestade estava em fase decrescente", disse Ratier. "Nada indica que estávamos frente a uma tempestade de capacidade anormal." Na segunda-feira, logo após a confirmação da desaparição do voo AF447, a Air France chegou a cogitar, em coletiva em Paris, que a queda do avião estaria ligada a uma tempestade elétrica. Desde então, a versão sofreu críticas veementes de especialistas, que indicaram que aparelhos como o Airbus A330 estão preparados para resistir a raios. Nos últimos dias, uma outra hipótese relacionada ao clima vem ganhando força na França: a de que sensores da aeronave essenciais para a navegação tenham enfrentado congelamento durante a travessia da tempestade. Essa hipótese não foi descartada. Não relacionada ao clima, mas também cogitada desde o primeiro momento, a hipótese de que um ataque terrorista tenha derrubado o avião foi praticamente descartada pela investigação do BEA. Paul-Louis Arslanian, diretor do escritório, entende que essa possibilidade, se for confirmada, seria "muito surpreendente", já que as mensagens automáticas indicam que o avião enfrentou sucessivas panes eletrônicas por quatro minutos, para só então sofrer interrupção brusca. LEME Nenhuma das 24 mensagens enviadas automaticamente pelo A330 entre as 23h10 e as 23h14 indicava quebra do leme. A informação foi desmentida categoricamente pelos peritos do Escritório de Investigações e Análises sobre a Aviação Civil (BEA). Ontem, circulou no Brasil a informação de que a mensagem CTL RUD TRV LIM FAULT, enviada às 23h10 pelos computadores de bordo, mostraria que o leme do avião, peça que orienta a navegação, teria se quebrado. A mensagem, afirmaram os técnicos do BEA, de fato foi enviada e significa Rudder Travel Limiter Fault. Questionado se a informação significava quebra do leme, Paul-Louis Arslanian, diretor do BEA, foi sintético: "A resposta é muito simples: não", disse. Arslanian explicou que a falha nos sensores do leme foi causada pelo "aferimento incoerente da velocidade" pelos tubos de pitot. "É apenas uma indicação de que um dos sistemas, o que limita o movimento do leme, não estava operando quando a mensagem foi enviada. Isso ocorre porque, para que o sistema funcione, é preciso saber a velocidade do avião."

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