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Tempo cronometrado na França

Por Andrei Netto e PARIS
Atualização:

A propaganda eleitoral gratuita em TV e rádio não é exclusividade da legislação brasileira. Na Europa, países como a França também preveem espaços para que os candidatos à Presidência apresentem seus planos de governo. Mas as diferenças em relação ao modelo brasileiro são notáveis. Todos desfrutam do mesmo tempo de exposição, a transmissão não se dá em rede nacional e a regulação dos órgãos públicos se estende a programas de televisão comuns, nos quais o tempo de palavra é cronometrado.Na estratégia de campanha na França, a propaganda gratuita não passa de acessório. O candidato dispõe de spots, inserções na TV custeadas pelo contribuinte, mas o poder de influência dos programas é limitado. Cada postulante dispõe de 18 spots de, no máximo, 5min30s de duração. Os programas são difundidos por duas semanas em abril - quando ocorre o primeiro turno -, em diferentes horários e só em emissoras públicas.Os partidos seguem regras de produção e pós-produção: a norma do estúdio único, na Radio France Internacional (RFI), foi extinta, mas a locação fica à disposição dos candidatos. Filmagens externas foram liberadas pela legislação, que estipula a obrigatoriedade de legendas para portadores de deficiência auditiva. Apesar de todo o cuidado das autoridades em garantir a igualdade entre os candidatos, a propaganda eleitoral gratuita é ignorada pela maior parte do eleitorado. No Reino Unido, os spots oficiais de TV nem existem.Debates. O paradoxo é que os programas de debates políticos, em especial entre candidatos, registram recordes de audiência. Segundo Etienne Mercier, diretor adjunto de Opinião do instituto de pesquisas Ipsos, na França, cerca de 60% dos eleitores demonstram interesse no debate e 52% reconhecem que a boa participação de um candidato em um programa de TV pode mudar seu voto. Apenas 35% demonstram interesse nos spots oficiais.A pesquisa também evidencia uma aparente falta de sintonia entre o eleitorado e a legislação. Segundo o levantamento, 85% dos franceses preferiria um modelo de propaganda eleitoral semelhante ao dos Estados Unidos, em que cada partido compra espaço publicitário na TV, de acordo com seus recursos. Sarkozy. Um exemplo da regulação na França foi o pleito que resultou na eleição presidencial de Nicolas Sarkozy, em maio de 2007. Sarkozy era ministro do Interior e dispunha de espaços generosos na TV, mas antes do anúncio oficial de sua candidatura seu tempo de exposição nas emissoras passou a ser medido. Isso porque o Conselho Superior do Audiovisual (CSA), órgão que regula as comunicações na França, estabelece três etapas de campanha: preliminar, intermediário e oficial. A divisão leva em conta o fato de que, como no Brasil, os candidatos começam suas campanhas bem antes do período regulamentar.

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