Temporada comemora 70 anos do Coral Lírico

As apresentações, com músicas eruditas e populares, começam hoje, no Teatro Municipal; entre os cantores está Angelino, o ?vovô? do grupo

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Por Mônica Cardoso
Atualização:

Neste sábado, o Coral Lírico do Teatro Municipal de São Paulo assopra as velinhas do seu 70º aniversário. A história do coro se confunde com a de um dos seus cantores, Angelino Machado, de 79 anos. Já aos 9 anos, ele insistia com o pai para levá-lo aos espetáculos no Municipal. "Naquela época, o teatro vivia abarrotado de gente. Todo dia tinha apresentação de ópera. No domingo eram duas: à tarde e à noite", lembra. O garoto, que adorava cantar óperas, cresceu e foi trabalhar como eletricista e vendedor. Eventualmente, era convidado para se apresentar no teatro do Edifício Itália e em casamentos de amigos. Um dia, decidiu arriscar e se inscreveu no Coral Lírico. Fez o teste e passou. "Foi o dia mais feliz da minha vida", conta com a voz de baixo, grossa, elegante e comprida. Nesses 52 anos dedicados ao coral, Angelino se gaba de nunca ter chegado atrasado aos ensaios diários. Ele guarda os programas de todos os espetáculos que assistiu em um quarto da sua casa, junto com mais de 80 canções italianas e brasileiras e quase 60 partituras completas. "O Teatro Municipal é o lugar que eu amo. Faz parte da minha vida. Tenho amigos que dizem que vou ficar no museu do teatro, localizado nos baixos do Viaduto do Chá. Sou chamado de ?vovô do Municipal?", brinca. Não é para menos. Ele é o componente mais velho de oito corpos artísticos que compõem o Teatro Municipal, que além do Coral Lírico incluem a Orquestra Sinfônica Municipal, a Orquestra Experimental de Repertório, o Quarteto de Cordas, o Coral Paulistano, o Balé da Cidade, a Escola Municipal de Música e a Escola Municipal de Bailado. Desde a inauguração do Municipal, em 1911, companhias líricas eram convidadas para se apresentar em temporadas, mas somente em 1939, o então diretor artístico, o maestro Armando Belardi, fundou o Coral Lírico. A estreia foi com a ópera Turandot, de Giacomo Puccini, também inédita nos palcos da cidade. O grupo, hoje com 98 vozes, foi criado para atender à grande demanda por espetáculos de ópera. Nos últimos anos, canções populares foram ganhando espaço no repertório. E essa mescla de composições eruditas e populares consta do repertório para a temporada comemorativa de aniversário, com apresentações hoje, na terça, na quinta-feira e no dia 21, escolhida pelo maestro Mário Zácaro, à frente da regência há mais de 30 anos. Na primeira parte do espetáculo, os 98 cantores interpretam canções como Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro, Luiza, de Antonio Carlos Jobim, e I Got Rhythm, de George Gershwin. Na segunda, trechos das óperas Lo Schiavo, de Carlos Gomes, Otello, de Verdi e Tannhäuser, de Wagner. Duas músicas serão cantadas e ao mesmo tempo sinalizadas em libras - linguagem de sinais. Uma hora antes de cada concerto, o foyer do teatro vai abrigar uma exposição com fotografias das várias formações do coro e dos regentes que passaram ao longo das sete décadas, além de cartazes com os programas dos espetáculos. A mostra conta também com os figurinos usados em algumas óperas, como em Lakmé, com criações do estilista Dener, ou de Aída, cujas roupas foram trazidas da Itália. O Teatro Municipal, que passa por obras de restauração, ficará aberto até julho. SERVIÇO: Concertos hoje, terça e quinta-feira, às 20h30. Dia 21 às 16h30. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia entrada). Endereço: Teatro Municipal, Praça Ramos de Azevedo, s/n.º, centro

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