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Temporal de granizo atinge 22 cidades do Paraná e afeta 11 mil pessoas

Defesa civil decretou estado de emergência em Foz do Iguaçu; segundo Inmet, ventos chegaram a 113 km/h

Por Edson Fonseca e e Luiz Fernando Toledo
Atualização:

CURITIBA - Uma tempestade de granizo atingiu 22 cidades do Paraná na madrugada desta terça-feira, 8. De acordo com dados da Defesa Civil, cerca de 2,4 mil casas ficaram destelhadas e 11 mil pessoas foram afetadas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os ventos chegaram a 113 km/h. Já em Foz, o vendaval atingiu 75 km/h. A região mais atingida foi a Oeste do Estado e a Prefeitura de Foz do Iguaçu decretou estado de emergência. Não há registro de mortes. 

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 No município de Goioxim, região Sudoeste, um terço da população foi atingida. O granizo danificou 300 casas. Além dos prejuízos materiais, o temporal deixou seis pessoas feridas e duas delas estão internadas no hospital de Francisco Beltrão.Em Nova Esperança, 1.200 pessoas foram afetadas e 300 casas ficaram danificadas. Houve registro de danos nas cidades de Ampére, Bela Vista de Caroba, Capanema, Mallet, Manfrinópolis, Manoel Ribas, Nova Olímpia, Pato Branco, Ponta Grossa, Santa Helena, União da Vitória,Planalto, Marechal Cândido Rondon, Foz do Iguaçu, Céu Azul, Maripá, Missal, Guaíra, Matelândia e Santa Tereza do Oeste.

Em Foz do Iguaçu, o Corpo de Bombeiros está atendendo a população com a distribuição de lonas e a Prefeitura montou um abrigo para quem teve a casa destruída em duas escolas municipais. O prefeito Reni Pereira disse que já pediu apoio do Governo do Estado e que deve aguardar um levantamento oficial do número de atingidos para poder calcular os estragos causados pela chuva.

O Serviço de Meteorologia do Paraná (Simepar) alerta que a ocorrência das chuvas deve continuar durante toda a semana. O instituto diz ainda que uma nova frente fria deve chegar à Região Sul do Brasil.

Lona. O granizo fez com que o telhado da casa da dona de casa e moradora de Nova Esperança Marinete Lúcia da Silva, de 47 anos, ficasse comprometido. Entre ontem e hoje, após a chuva, a água começou a invadir a maioria dos cômodos. "Só não estragou móvel ainda por causa do forro, mas tem gente que já perdeu a casa com tudo dentro", contou. De acordo com ela, há uma fila de 1 mil pessoas para obter lonas com o Corpo de Bombeiro. "As pessoas estão fazendo cadastro. Acabou a lona e estão esperando chegar mais de Londrina", contou. A dona de casa, no entanto, disse ter conseguido o acessório com um parente e está, desde o início da manhã, cobrindo os buracos do telhado. As escolas do município não abriram nesta terça e vários postos de saúde estão fechados, segundo relatam os moradores. 

Quando saiu para tomar um lanche, a professora de educação infantil Fabiana Araújo Braz, de 30 anos, não imaginava o caos que enfrentaria horas depois. "As pedras que caíram eram muito grandes e a chuva foi intensa. Alagou tudo. Televisão, cama, sofá, perdi tudo", lamentou. Por sorte, sua filha Luísa, de quatro anos, também não estava na casa no momento do incidente. "Nunca pensei em passar por isso", contou.

Como as lonas fornecidas pelo Corpo de Bombeiros estão esgotadas, Fabiana desembolsou R$ 50 para adquiri-las por conta própria. Como a casa é muito alta, ela aguardava a chegada do pai para tapar os buracos no telhado.Enquanto não resolve o problema, a professora está na casa da irmã, que mora ao lado e não sofreu nenhum tipo de dano em sua casa.

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De acordo com a professora, todas as escolas da cidade suspenderam a aula. "As escolas estão danificadas, salas de aulas todas com água, com goteira", contou.

O problema, agora, é adquirir novas telhas. Empresas da cidade tem elevado o preço do item após o início da chuva. "Ontem falaram um valor de R$ 40, hoje já subiu para R$ 45", disse a professora. "Tenho amigos na escola que vão precisar de 40 telhas. Como vai pagar?". Ela estuda a possibilidade de adquirir o material em Maringá, a 40 quilômetros da cidade.

Perdas. "Tudo que eu trabalhei para conquistar, perdi com um dia de chuva", lamentou o cortador de cana Roberto Carlos da Silva, de 32 anos. Ele chegou a Novo Horizonte há oito meses para trabalhar e disse "nunca ter visto uma chuva como esta". "Foi um barulho ensurdecedor. Começou uma chuva normal com pedrinhas, mas, de repente, começou a cair pedra grande, do tamanho de um tijolo. Pegou todo mundo de surpresa", disse ele.

Silva disse que a chuva destruiu todo o telhado de sua casa e, depois, os móveis. Ele é mais um dos que estão aguardando o recebimento de lona na ginásio de esportes do município para poder tapar os buracos e calcular os prejuízos. "Não teve quem não foi atingido pela chuva. Ontem eu vi muitas pessoas desesperadas por tudo que perderam. Molharam as roupas, os móveis, os eletrônicos", disse. 

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