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Termina a rebelião em Ribeirão da Neves

Por Agencia Estado
Atualização:

Após mais de 27 horas de negociações, terminou na tarde de hoje a rebelião na Penitenciária José José Maria Alckmin. Os três agentes penitenciários que eram mantidos como reféns por cerca de 40 detentos foram libertados sem ferimentos. Os presos concordaram com o término do motim e a libertação dos agentes depois que a comissão de negociação protocolou no Fórum da cidade um documento que garante a eles uma hora a mais de banho de sol por dia. Segundo o coronel Sócrates Edgard dos Anjos, comandante da 7ª Região da Polícia Militar de Minas Gerais (PM-MG), e um dos coordenadores das negociações, foram apreendidos dois revólveres, uma granada de gás lacrimogêneo, nove facas e outras quatro armas brancas que estavam em poder dos rebelados. A PM faria ainda uma operação "pente-fino", na tentativa de encontrar outras armas e telefones, que estariam com os detentos. Seis deles foram escalados para acompanhar o trabalho dos policiais. O motim teve início por volta das 11h30 do sábado, quando presos que haviam conseguido estourar os cadeados de uma das celas, surpreenderam os agentes no momento da vistoria no 3º pavilhão do presídio, considerado de segurança máxima. As negociações foram interrompidas no final da noite e retomadas somente na manhã de ontem. O clima ficou tenso quando um dos reféns, o agente Benjamin Roberto da Silva, informou por meio de um telefone celular, que os outros dois funcionários que estavam em poder dos rebelados - Marco Aurélio de Souza e Rogério Augusto Lopes Barbosa - foram encostados a botijões de gás e estavam sendo ameaçados. No início da tarde, o coronel Sócrates solicitou que dois cinegrafistas e dois fotógrafos entrassem no interior do presídio para que a rendição fosse registrada. A presença da imprensa fazia parte de um documento entregue à juíza da Vara de Execuções Criminais de Ribeirão das Neves, Luziene Medeiros, contendo dez cláusulas exigidas pelos presos para a entrega das armas e a libertação dos reféns. Eles temiam sofrer violência por parte dos policiais. Além disso, os detentos reclamavam de maus tratos e, principalmente, de que não estavam sendo beneficiados com as duas horas diárias de banho de sol, conforme determina uma portaria assinada pela própria juíza. Pelo acordo firmado com os negociadores, os presos passarão agora a ter direito a três horas de banho de sol por dia. Eles reivindicavam ainda que as mulheres e as crianças voltassem a pernoitar no presídio nos finais de semana e outros benefícios que foram suprimidos após o último motim. No dia 1º de novembro, os detentos da José Maria Alckmin fizeram 17 reféns e destruíram parcialmente o presídio. A rebelião só terminou três dias depois, com a invasão da PM, que apreendeu no local duas armas de fogo, várias armas brancas e telefones. Após a revolta, as visitas e os banhos de sol foram restringidos. O comandante da 7ª Região da PM, contudo, disse que as rebeliões na penitenciárias mineira não são constantes. "Não está sendo tão comum assim, porque estamos fazendo um trabalho preventivo", assegurou. Uma sindicância deve ser instaurada na próxima semana pela Secretaria de Justiça para apurar como os detentos conseguiram sair das celas.

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