Termina interrogatório de controladores do dia do acidente da Gol

Pilotos do Legacy e quatro controladores do Cindacta-1 são acusados de colocar em risco o transporte aéreo.

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Terminou na noite de terça-feira, 28, a segunda audiência do processo da Justiça brasileira sobre o acidente da Gol. O interrogatório com controladores duraram mais de sete horas em Sinop, no Mato Grosso.   O acidente com o avião da Gol aconteceu na região amazônica, em 29 de setembro do ano passado, matando 154 pessoas.   Na terça-feira, o juiz federal Murilo Mendes ouviu os quatro controladores de vôo do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta 1) de Brasília, Felipe Santos dos Reis, Lucivando Tibúrcio de Alencar, Jomarcelo Fernandes dos Santos e Leandro José Santos de Barros. Eles estavam de plantão no dia do acidente.   Com base no inquérito da Polícia Federal e da CPI da Crise Aérea, o Ministério Público sustenta que o plano de vôo do Legacy previa duas mudanças de altitude no trajeto de São José dos Campos até Manaus (AM).   O sargento e controlador de vôo do Cindacta-1 de Brasília, Felipe Santos dos Reis, primeiro a ser ouvido, não negou nem confirmou a existência de pontos cegos no controle aéreo na região amazônica. Indagado pelos advogados de defesa dos pilotos do jato Legacy, Joseph Lepore e Jan Paladino, afirmou: "Prefiro não responder".   Felipe Reis afirmou que autorizou o vôo até a região de Brasília. "Eu só posso responder pelo meu setor", disse o controlador de vôo. Segundo a denúncia do procurador Thiago Lemos de Andrade, Felipe Reis deu instruções erradas aos pilotos do jato executivo Legacy, não informando sobre as mudanças de nível que deveriam ocorrer durante o trajeto da aeronave de São José dos Campos, em São Paulo, a Manaus, no Amazonas.   Já o sargento Jomarcelo Fernandes dos Santos, operador do centro de controle de vôo de Brasília (Cindacta-1), preferiu ficar calado durante todo o tempo.   O sargento é acusado de homicídio doloso pelas 154 mortes do avião da Gol e pode ser condenado a até 36 anos de prisão. Nos 20 minutos em que ficou diante do juiz, não respondeu nem às perguntas da sua defesa. "Me reservo ao direito de ficar calado", repetiu.   Segundo denúncia do Ministério Público, aceita pela Justiça, os pilotos do Legacy e quatro controladores do Cindacta-1 são acusados de colocar em risco o transporte aéreo. A pena prevista é de até quatro anos de prisão. Jomarcelo foi apontado como o único a saber do risco de choque das aeronaves, e por isso foi denunciado por crime de homicídio doloso.   Pilotos do Legacy   O advogado americano Joel Weiss, defensor dos pilotos do jato Legacy que se chocou com o Boeing da Gol afirmou na terça-feira que vai recorrer da decisão do juiz Murilo Mendes de não autorizar os clientes, Joe Lepore e Jan Paul Paladino, a prestarem depoimento nos Estados Unidos.   Com isso, os americanos tornaram-se réus à revelia no processo que corre na Justiça Federal de Sinop (MT). Para Weiss, a negativa do juiz "vai contra proteções previstas no tratado de extradição entre os dois países". Weiss confirmou ao Estado o teor de entrevista concedida anteontem ao jornal americano Newsday. Nela, garantiu que os "pilotos são inocentes e têm todo o interesse em testemunhar e contar sua história".   Colaboraram Nelson Francisco e Patrícia Campos Mello

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.