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Tesoureira diz que chefe retirou ''às pressas'' computador com provas

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Por Marcelo Godoy
Atualização:

Um segundo depoimento sobre o suposto desvio da verba secreta da Secretaria da Segurança consta dos documentos recebidos pelo procurador-geral Fernando Grella Vieira. Trata-se das declarações de Marlene da Silva Santos Rocha, outra oficial administrativa da pasta. Ela trabalhava na tesouraria da secretaria e confirmou o encontro de R$ 127 mil no cofre do então chefe de gabinete Tadeu Sérgio Pinto de Carvalho. Foi Marlene, a mando do então secretário Ronaldo Marzagão, que contou o dinheiro, antes que tudo fosse recolhido à conta corrente da secretaria por meio de dois depósitos - um de R$ 98 mil e outro de R$ 29 mil. Marlene disse ainda que foi orientada pelo coronel João Cláudio Valério - o substituto de Carvalho na chefia de gabinete - a responder o que lhe fosse perguntado na Corregedoria da Administração, que apurava o caso, mas que "era para não falar nada sobre o depósito caso não fosse perguntado". Ela disse que, antes de deixar a pasta, Carvalho "retirou às pressas" um computador de sua sala. "Ele agiu assim porque no computador tinha detalhes de despesas que eram de operações especiais (a verba secreta) e que eram pagas indevidamente com essa verba de adiantamento." A verba de operações policiais é usada na forma de adiantamento, ou seja, o dinheiro é gasto e depois se faz a prestação de contas. Marlene também disse que a verba foi gasta com despesas pessoais de integrantes da escolta do secretário referentes a refeições, pois não existia verba específica para esse fim. Ainda de acordo com ela, nunca se comprou armas com a verba de operações policiais. Em entrevista ao Estado, a ex-assessora do gabinete da secretaria Elaine Manzano afirmou que havia usado do dinheiro da verba para comprar equipamento para o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), da Polícia Militar, e armas para a Polícia Civil. Citou o caso da suposta compra de fuzil para o Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic). Segundo ela, em vez de fazer uma licitação internacional, decidiu-se sacar o dinheiro e comprar a arma. Grella encaminhou tudo à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, onde já havia uma investigação aberta para apurar possíveis irregularidades no uso da verba secreta da secretaria reveladas pelo Estado.

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