Testemunha reconhece brasileira de seqüestro de Olivetto

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Por Agencia Estado
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Mais uma testemunha reconheceu a brasileira que usa o nome de Maria Ivone como uma das participantes do seqüestro do publicitário Washington Olivetto, reforçando o vínculo entre o grupo comandado por Maurício Hernández Norambuena e os seqüestradores que atuaram nos casos do empresário Abílio Diniz, do banqueiro Antônio Beltran Martinez e dos publicitários Luiz Sales e Geraldo Alonso. A polícia já sabe o nome dela, mas não o divulgou. A nova testemunha é um funcionário de um flat na Rua Batatais, nos Jardins, na zona sul de São Paulo, onde os seqüestradores alugaram um apartamento no ano passado. A brasileira também foi identificada como a pessoa que comprou as flores enviadas à família de Olivetto com o cartão que anunciava o seqüestro - expediente idêntico ao utilizado nos seqüestros de Sales e Alonso. A polícia foi procurada pela testemunha, que reconheceu a fotografia da brasileira e disse ter visto pessoas semelhantes aos quatro seqüestradores que vigiavam Olivetto no cativeiro da Rua Kansas, no Brooklin, na zona sul. Os peritos e uma equipe da Divisão Anti-Seqüestro (Deas) foram ao local. Os investigadores não têm mais dúvidas sobre a relação entre os casos investigados. Além dessa descoberta, a polícia divulgou nesta quarta-feira quatro retratos falados dos seqüestradores que vigiavam Olivetto. Eles foram elaborados com informações dos vizinhos e de um vigia da Rua Kansas. O delegado Wagner Giudice, da Deas, exibiu os retratos a três policiais federais chilenos. Eles disseram que os dois homens são parecidos com integrantes da Frente Patriótica Manuel Rodrigues (FPMR), braço armado do Partido Comunista chileno durante a ditadura de Augusto Pinochet, da qual Norambuena é o segundo homem na hierarquia. A Deas, porém, não divulgou a possível identidade desses dois homens. Além deles, a polícia investiga a participação de outros dois dirigentes frentistas, como são conhecidos os membros da FPMR, nos seqüestros de Olivetto, de Alonso e de Sales: Ricardo Alfonso Palma Salamanca, El Negro, e Patrício Fernando Ortiz Montenegro. Ambos fugiram da prisão num helicóptero com Norambuena, em 1996. Duas fotos estão sendo exibidas às testemunhas dos seqüestros em São Paulo. Montenegro vive na Suíça, onde obteve asilo político. Salamanca passou pela Argentina, assim como Norambuena. Por enquanto, além dos seis presos - a polícia busca confirmar a identidade de cinco (eles se apresentaram como quatro argentinos e uma espanhola) -, a Deas já identificou dois outros seqüestradores. O primeiro deles é a brasileira. O segundo é o homem que se apresentou como o argentino Miguel Armando Villabela e alugou o apartamento da Rua Luís Góes, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo - deste homem, a polícia tem uma fotografia, que foi exibida aos policiais do Chile. Quando Villabela alugou esse apartamento, ele estava hospedado no flat da Rua Batatais. Disse ser engenheiro eletrônico e pagou US$ 2.500,00 adiantados porque não tinha fiador. Ele deixou o apartamento na quarta-feira passada, dois dias antes da prisão de Norambuena e de outros cinco seqüestradores na cidade de Serra Negra. Para Giudice, além dos quatro do cativeiro e dos dois outros foragidos, pelo menos mais dois homens participaram do crime. A polícia não descarta a possibilidade de todos serem frentistas ou pessoas arregimentadas por Salamanca e Norambuena na Argentina. Isso porque um dos presos, que se apresentou como Ruben Oscar Sanches, tem sotaque argentino. "Vamos manter um intercâmbio com os policiais chilenos nessa investigação", disse Giudice. Segundo ele, os policiais chilenos vão conversar com Norambuena.

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