Testemunhas de assalto farão reconhecimento

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Por Agencia Estado
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As testemunhas daquele que pode ser o maior roubo da história do País vão tentar reconhecer por meio de fotografias os ladrões responsáveis pela invasão do Terminal de Cargas Brasil (TBC), da Receita Federal. Na noite da última quinta-feira, um grupo armado com fuzis e usando pelo menos um colete da Polícia Federal invadiu o prédio que recebia mercadorias apreendidas e roubou jóias, relógios e pedras preciosas após dominar os 14 funcionários de plantão. A mercadoria levada estaria avaliada em cerca de R$ 200 milhões, valor ainda não oficial. Entre as fotografias que serão mostradas na próxima quarta-feira às testemunhas, deve estar a do maior ladrão de jóias do Estado de São Paulo, Carlos Alberto de Andrade, o Carlinhos Body Glove. Ele está foragido após ter tido a sua prisão decretada pelo roubo de mais de R$ 1 milhão de uma joalheria do Shopping Morumbi, na zona sul de São Paulo. Body Glove também é acusado de ter sido o autor de uma chacina que deixou seis mortos em uma loja de telefones celulares na Lapa, na zona oeste. Body Glove ainda estaria envolvido em outros roubos de joalherias nos quais funcionários das lojas foram obrigados a apanhar as jóias enquanto os bandidos mantinham suas famílias como reféns. Além disso, as vítimas tiveram bombas amarradas em seus corpos e microcâmeras por meio das quais os criminosos controlavam cada passo dos funcionários. Neste ano, Carlinhos Body Glove foi notícia quando liderou o resgate dos assaltantes José Carlos Rabelo, o Pateta, e Alexandre Pires Ferreira, o ET, ambos já recapturados pela polícia. No resgate, ocorrido na Rodovia Castelo Branco, dois policiais militares da escolta dos presos foram assassinados. Em liberdade, Pateta, em companhia de Body Glove, segundo investigação feita pelo delegado Edson Santi, da 2ª Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio, roubou as jóias da família Kubitschek e do empresário Paulo Otávio, do Grupo OK. Elas estavam nos cofres do Banco Regional de Brasília (BRB), atacado em outubro após o seqüestro de três funcionários da instituição financeira. O roubo ao depósito da Receita foi uma ação ousada, pois o prédio assaltado fica em frente do 19º Distrito Policial e de uma companhia da Polícia Militar, na Rua Eli, na Vila Maria, zona norte de São Paulo. Um dos assaltantes chegou ao lugar com um colete da Polícia Federal, dizendo que precisava entregar uma carga apreendida. A porta foi aberta pelo vigia do depósito, cujos muros têm cerca de três metros de altura e são guarnecidos com grades e vigiados por um circuito de vídeo. Dominado o vigia, os bandidos entraram. Uma parte do bando ficou fora do terminal de cargas, vigiando a rua. No terminal, os criminosos obrigaram uma funcionária a abrir o lugar onde estava a fortuna em jóias, relógios e pedras preciosas. Os ladrões recolheram tudo em um Fiorino. Antes de fugir, apanharam os telefones celulares dos funcionários e as fitas de vídeo do sistema de segurança do prédio. Só quase uma hora após a saída dos assaltantes é que a polícia foi avisada, mas ninguém foi preso. A suspeita da participação de Carlinhos Body Glove se deve à semelhança de seu modo de ação e ousadia com o da quadrilha responsável pelo crime. O caso está sendo investigado pela PF, pois se trata de crime federal. Mesmo assim, a Polícia Civil de São Paulo está apurando o assalto. Além da 4ª Delegacia Seccional (Norte), que registrou o caso, o Departamento de Investigações Contra o Crime Organizado (Deic) também está atrás de pistas com uma equipe da 2ª Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio. A polícia ainda vai tomar os depoimentos das testemunhas.

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