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Testemunhas depõem a favor de PM julgado por chacina

Três pessoas apontaram o PM como participante da chacina que deixou 29 mortos e outras quatro depuseram a favor dele

Por Agencia Estado
Atualização:

No segundo dia do julgamento do soldado Carlos Jorge Carvalho, acusado de ser um dos assassinos da chacina que deixou 29 mortos na Baixada Fluminense, em 31 de março do ano passado, três pessoas apontaram o réu como participante e outras quatro depuseram a favor de Carvalho. A principal voz em defesa do soldado foi Marcos Antônio Carneiro, comerciante, seu amigo desde a infância. Carneiro endossou toda a versão apresentada por Carvalho - de que ele pegou seu carro (o Gol prata usado na chacina, segundo o Ministério Público) para ir a Barra de São João e de que devolveu no dia seguinte, como combinado. Ele afirmou ainda que o PM passou a ser considerado suspeito depois que um desafeto pagou pessoas para que telefonassem para o Disque-Denúncia, fazendo acusações contra ele. Depuseram a favor de Carvalho também um PM, que corroborou a tese da defesa, segundo a qual a perícia dos locais do crime foi falha. E a dona de uma locadora de vídeo, amiga e ex-cunhada de Carvalho, que disse que por volta das 20 horas daquele dia - quando os atiradores já estavam nas ruas - o soldado passou em sua loja, onde alugou o DVD Anaconda. A última testemunha de defesa a depor foi o deputado Paulo Ramos (PDT), que fez duras críticas à atuação da perícia. Afirmou que a chacina teve motivações políticas. Durante todo o dia, Carvalho permaneceu de cabeça baixa no plenário. Ele não encarou qualquer testemunha nem os jurados (cinco mulheres e dois homens). Ao contrário do que acontece normalmente, Carvalho não usa algemas - foi um pedido de sua defesa, atendido pela juíza, que para tal consultou o chefe da segurança, um sargento da PM. Acusação P.R., cujo pai C. F. R., foi assassinado no episódio, em Queimados, afirmou em depoimento no Tribunal de Júri de Nova Iguaçu, onde o militar está sendo julgado, que viu o PM com uma arma na mão saindo do bar de seu pai logo após o crime. O rapaz contou que já tinha identificado o soldado por fotos de jornais. Antes, outra testemunha de acusação, D., que estava com um amigo, que acabou morrendo na chacina quando os atiradores agiram, já havia dito no julgamento que vira Carvalho em outro local do crime. Outra testemunha de acusação, C.H.S., único sobrevivente da chacina, também depôs e reconheceu o PM. "Foi Carlos Carvalho", disse, apontando Carvalho como o homem que atirou em sua perna. C.H.S, de 45 anos, ficou traumatizado depois do crime e perdeu a memória, mas recuperado, decidiu falar pela primeira vez no processo. O julgamento deve terminar nesta quarta-feira, 23. O soldado, que se declarou inocente, é acusado de 29 homicídios duplamente qualificados - cometido por motivo fútil (demonstração de força na Baixada Fluminense) e com recursos que impossibilitaram a defesa das vítimas -, uma tentativa de homicídio e formação de quadrilha. Ele já tinha sido condenado a 7 anos e oito meses de prisão, no início deste mês, em outro processo, por receptação de carros roubados. A chacina A chacina ocorreu na noite de 31 de março de 2005, nos municípios de Nova Iguaçu e Queimados. Vinte e nove pessoas foram assassinadas e uma ficou ferida. Nesta segunda, 21, cerca de 80 parentes das vítimas lotaram a sala do Tribunal do Júri. Eles chegaram cedo ao fórum, levando faixas de protesto e vestindo camisetas com fotos e nome dos mortos.

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