Tietê, maior parque linear do mundo

Estado assina hoje convênio com 8 prefeituras para criar área ecológica ao longo do rio, com 75 km de extensão

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Por Eduardo Reina
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Entre Salesópolis, na Região Metropolitana de São Paulo, e a Barragem da Penha, na zona leste da capital, o Rio Tietê nasce e morre em apenas 75 quilômetros. Trecho insignificante perto de seus vastos 1,1 mil km ao longo de todo o Estado, mas grandioso o suficiente para dar origem ao maior parque linear do mundo. Hoje, o governo estadual assina convênio com as prefeituras de oito municípios para preservar as várzeas, recuperar a drenagem do rio e melhorar as condições ambientais. O Parque Várzeas do Tietê terá 107 km² de área verde e 33 núcleos com equipamentos de lazer, cultura, arte e esporte. A iniciativa surge 33 anos depois da inauguração do Parque Ecológico do Tietê, criado para ajudar no controle de inundações. As obras dos novos núcleos serão divididas em três fases, e a primeira já começou, entre a barragem e o limite com Itaquaquecetuba. O parque - também nos territórios de Guarulhos, Poá, Suzano, Mogi das Cruzes e Biritiba Mirim - tem previsão de conclusão em 2016. "Haverá uma ciclovia com 230 km ao redor do parque e uma via-parque, estrada que ligará todos os núcleos. Vamos mudar a paisagem da zona leste. Esses núcleos vão ajudar na sustentabilidade ambiental", diz Dilma Pena, secretária estadual de Energia e Saneamento. As ciclovias ficarão a 50 metros de cada margem do rio. O projeto está orçado em R$ 1,7 bilhão. A primeira etapa já tem reservados R$ 450 milhões. "(Esses recursos) não são suficientes para tudo o que está previsto nesta fase. Buscamos financiamento no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A carta-consulta deve ser aprovada pelo Cofiex (Comissão de Financiamentos Externos do Ministério do Planejamento) em setembro. Representantes do banco já estiveram aqui, sobrevoaram a área e aprovaram o programa", garante Dilma. As obras de construção do primeiro trecho da ciclovia e da via-parque tiveram início no mês passado e devem estar concluídas em janeiro de 2010, provavelmente no dia 25 de janeiro - aniversário de São Paulo. "Será o Núcleo Vila Jacuí, com churrasqueiras, lanchonetes, telecentro de educação ambiental, atividades comunitárias, playground, quadras poliesportivas, campo de futebol, pistas de bicicross e skate, lagoa, arena e outros equipamentos", cita a secretária. Tudo ficará numa área de 140 mil m². A Vila Jacuí é o antigo Jardim Pantanal, ao lado do Complexo Viário Jacu-Pêssego, na zona leste. As casas da comunidade passam por revitalização, em um projeto assinado pelo arquiteto Ruy Ohtake, e algumas já receberam pintura colorida. A maioria das residências de frente para o futuro núcleo já foi pintada. A construção do núcleo está em fase adiantada. As demarcações de engenharia mostram os espaços onde serão erguidos todos os equipamentos. A terraplenagem chegou à fase final. O Córrego Jacuí está sendo canalizado. Um canal ao redor do núcleo já está pronto. O superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Ubirajara Tannuri Felix, conta que um grande canal construído no entorno do Parque Ecológico do Tietê evitou que moradias ocupassem as áreas de matas ciliares. "Vamos adotar a circunvalação em toda a extensão do novo parque para evitar ocupação próxima do leito", diz Felix. Serão 12 km de canal a serem construídos, segundo os engenheiros responsáveis pela projeto, desde a Barragem da Penha até Itaquaquecetuba. CICLOVIA E VIA-PARQUE Em janeiro, serão entregues 8,5 km de ciclovia e via-parque desde a Barragem da Penha até o Bairro dos Pimentas, em Guarulhos. Somente no lado da capital, porém, as obras estão em andamento, pois ainda falta a definição da obra na cidade vizinha com a assinatura do convênio hoje. Esse trecho de estrada-parque já existe hoje. "Estamos remodelando a pista, construindo a ciclovia e calçada para pedestres até a região da USP Leste. Dali para a frente, a estrada será totalmente nova, margeando o rio", diz Felix. Na região do Jardim Pantanal será necessário fazer remoção de algumas habitações que estão à beira do Rio Tietê para o andamento das obras do Núcleo Jacuí. De acordo com o governo do Estado, o programa todo prevê a remoção de 3,1 mil habitações. Há previsão para plantar 67 mil mudas de árvores, como forma compensatória à obra de ampliação das pistas da Marginal do Tietê. No total, estão previstos sete núcleos de uso múltiplo em território paulistano, cinco em Guarulhos, quatro em Itaquaquecetuba, um em Poá, quatro em Suzano, cinco em Mogi das Cruzes, três em Biritiba Mirim e quatro em Salesópolis. Todos os 33 núcleos terão 67 campos de futebol e 129 quadras poliesportivas. Os campos ficarão propositalmente em local de alagamento para que seja retida água nos períodos de chuva e enchentes. "É uma forma de recuperar a vocação natural do Tietê como rio de planície", explica a secretária.

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