Tim Lopes pode ter sido traído por informante

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Por Agencia Estado
Atualização:

O motorista da Rede Globo que levou Tim Lopes três vezes à Favela Vila Cruzeiro, antes de o repórter ser assassinado, Alexandre Pinto, contou à viúva de Lopes, Alessandra de Araújo Wagner, que desconfiava do informante responsável pelas denúncias sobre exploração sexual de adolescentes em bailes funk da favela. A informação foi passada nesta segunda-feira à Justiça por Alessandra, que prestou depoimento no Tribunal de Justiça do Rio. O motorista disse ter sentido medo na terceira vez em que foi ao local e ficou preocupado porque os encontros entre Lopes e o informante aconteciam sempre no mesmo lugar. Alessandra disse ter conversado com o motorista no dia do enterro do marido. Pinto afirmou ter alertado Lopes sobre o perigo e sugerido que o informante poderia ter ligações com traficantes. Segundo o depoimento, o motorista achou estranho o fato de o informante ? cuja identidade é mantida em sigilo pela Rede Globo ? ter comparecido a um dos encontros acompanhado de um bebê de colo, pois em outra ocasião afirmara ter uma filha de 15 anos. Ainda pelo depoimento, o informante teria dito a Lopes que sua filha tinha 7 anos e que isso o levara a fazer a denúncia. Para Alessandra, o motorista seria capaz de identificar esse informante, pois teria tido contato com ele. Ela acha que o técnico que preparou a câmera oculta levada por Lopes também conhece essa pessoa. Alessandra disse ainda não saber o que aconteceu com o telefone celular de Lopes, que, segundo seu depoimento, foi entregue à Rede Globo junto com os pertences deixados pelo repórter no carro da empresa que o levou até a Vila Cruzeiro no dia de sua morte. Um desses objetos é o caderno em que o repórter fazia suas anotações. Segundo Alessandra, o caderno estaria ?mais fino do que o habitual?, o que poderia indicar que páginas tenham sido arrancadas. Ela afirmou só ter tido acesso aos bens pessoais do marido depois que a polícia os requisitou à emissora. Colegas de Lopes, com quem Alessandra falou no dia da morte do jornalista, conversaram com o informante, que disse não ter tido contato com ele, motivo pelo qual sequer fora à favela. Depois, segundo o depoimento, a Rede Globo informou à viúva ter retirado o informante de dentro da favela e o colocado sob proteção. Lopes chegou a contar à mulher que iria passar um fim de semana na casa do informante para produzir a reportagem. Acusados Dos nove acusados pela morte de Tim, seis estão presos, dois morreram e apenas um, o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, traficante acusado de ser o chefe da quadrilha, ainda está em liberdade. Estão presos: Ângelo Ferreira da Silva, o Primo, que levou o repórter de carro até o alto da favela da Grota, onde ele foi morto; Reinaldo Amaral de Jesus, o Cabê, e Fernando Sátyro da Silva, o Frei, que assistiram à execução; Claudino dos Santos Coelho, o Xuxa, que ajudou a torturar Lopes; Elizeu Felício de Souza, o Zeu, que comprou combustível para queimar o corpo de Lopes; e Renato Souza de Paula, o Ratinho, acusado de ter torturado e mutilado Lopes. André da Cruz Barbosa, o André Capeta, e Maurício de Lima Matias, o Boizinho, morreram. A corregedoria da polícia investiga hipótese de que Maluco esteja sendo protegido por policiais.

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