Tio diz que não há certeza de que família morta por intoxicação no Chile acionou polícia local

Advogado relata confusão no fornecimento dos endereços às autoridades chilenas, o que pode ter colaborado com demora no atendimento às vitimas

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Por Fábio Bispo
Atualização:

Um dos familiares dos seis brasileiros mortos por intoxicação em um apartamento em Santiago, e que esteve no Chile acompanhando a liberação dos corpos, disse que não há certezas de que o grupo tenha acionado socorro local. Segundo Samuel Kruger,as mensagens encaminhadas aos familiares no Brasil relatando sintomas do efeito do monóxido de carbono são desencontradas: "Não temos certeza de que foi feita essa solicitação porque as mensagens estavam um pouco truncadas", disse.

Debora Muniz e Fabiano de Souza, junto dos filhos Felipe e Caroline, respectivamente com 12 e 14 anos Foto: Instagram/Debora Muniz/Reprodução

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Samuel é tio de Adriane Kruger, de 27 anos, e foi destacado para ser o porta-voz da família durante o velório coletivo que é realizado na tarde desta terça-feira, 4, em Biguaçu, na grande Florianópolis. Ele concedeu entrevista coletiva por volta das 13h30 e foi o único a falar em nome das famílias no local.

Segundo Kruger, ainda durante a tarde do dia 22, horas antes de morrerem, os brasileiros encaminharam áudios e fotos. Em uma das conversas, Débora chega a dizer que suspeita de uma infecção por vírus e fala sobre a demora de um suposto socorro.

O apartamento só foi arrombado na noite daquele dia após um contato do advogado Mirivaldo Costa com Consulado-Geral do Brasil em Santiago autorizando a entrada no apartamento. 

"Nós recebemos contato [deles] no mesmo dia, eles mandaram áudios e imagens, foi no decorrer do dia mesmo que ficamos sabendo", afirmou Kruger. Ele elogiou o trabalho das autoridades chilenas durante o processo de identificação e liberação, mas não quis opinar sobre possível negligência.

Já o advogado Marivaldo Costa, por telefone, disse que houve um equivoco no fornecimento do endereço da família às autoridades chilenas. "Eles acionaram a polícia por lá e nos os acionamos por aqui, mas o endereço que se tinha inicialmente não era o correto. A polícia chegou a ir no primeiro local informado e só depois é que teve acesso ao endereço correto", afirmou. 

O advogado disse, ainda, que o caso está sob investigação e que não há elementos para afirmar se houve negligência com a demora. "O que parece é que houve uma convergência de fatos para esse desfecho. Mas tudo ainda está sob investigação". 

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No dia 24 de maio, os Carabineiros, que equivalem à Polícia Militar, admitiram uma possível demora do socorro e abriram uma investigação interna.

Mesmo assim, a polícia chilena ainda não concluiu na investigação se houve ou não contato de familiares com as autoridades locais, segundo Mirivaldo."O que temos são informações que nós colhemos, mas a polícia chilena ainda não concluiu se teve esse contato", pontuou.

Na sexta-feira, 31, o laudo da causa mortis apontou que os seis brasileiros morreram por intoxicação após inalarem monóxido de carbono. O apartamento alugado através da plataforma Airbnb da década de 1950 estava há 15 anos sem vistoria. Todos os custos do traslado e do funeral foram bancados pela empresa.

Mais de três mil pessoas passaram pelo local

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Única brasileira que não é natural de Biguaçu, na grande Florianópolis, Adriane Kruger será enterrada junto com os demais no cemitério de São Miguel."Nós entendemos que a família é a base de tudo e a Adriane era a única que não era daqui. Quando Deus une, o casal deve permanecer junto", disse Samuel, que também é pastor adventista.

Às 14h teve início a celebração religiosa com a presença do padre da paróquia local seguido de um culto ministrado por um pastor adventista.

O ginásio de esportes da Univali, onde é realizado o velório coletivo, ficou lotado para a celebração. Desde as 8h30, quando o velório foi aberto ao público, mais de três mil pessoas já passaram pelo local. 

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Fabiano de Souza, de 41 anos, sua mulher, Débora Muniz Nascimento de Souza, de 38, os filhos Felipe Nascimento de Souza,de 13, e Karoliny Nascimento de Souza, de 14; além de Jonathas Nascimento, de 30, irmão de Débora, e a sua mulher, Adriane Kruger, de 27, que moravam em Hortolândia, interior de São Paulo, serão todos enterrados juntos no cemitério de São Miguel, em Biguaçu.

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