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Tiroteio no metrô deixa 4 baleados

Outros 18 passaram mal ou se feriram; bando fugiu pelos trilhos

Por Eduardo Reina
Atualização:

A fuga de assaltantes de banco pela Estação Sé do Metrô provocou tiroteio e pânico ontem no horário do almoço. Dois passageiros e dois bandidos foram baleados, um deles preso. Outras 18 pessoas passaram mal ou machucaram-se ao cair durante o tumulto. O tiroteio foi iniciado por um policial militar à paisana, que estava de folga. Paulo, de 84 anos, foi baleado no braço esquerdo e passou por cirurgia no Hospital Vergueiro. José Carlos Horas, de 47 anos, foi ferido de raspão na cabeça pela mesma bala que acertou o braço de Campos. De acordo com o filho de Horas, Fernando Carlos, testemunhas do tiroteio disseram que a bala partiu do revólver calibre 38 do soldado da PM Douglas Villas-Boas, de 37 anos, que confessou ter participado do tumulto e foi ferido na mão esquerda. Outro ladrão, também ferido, conseguiu escapar. Os bandidos assaltaram a agência Bradesco na Praça da Liberdade por volta das 12h30. De acordo com o delegado Fábio Daré, do 1º DP, na Sé, foram roubados R$ 31 mil. Na fuga, foi deixado um malote com R$ 1.762,80 na entrada na Estação Liberdade, juntamente com dois revólveres calibre 38 levados dos vigias do banco. Do lado de fora da agência, Villas-Boas dava cobertura ao bando. Um policial civil contou que eram sete os bandidos. O delegado Daré trabalha com o hipótese de que pelo menos quatro estavam da ação. A fuga foi ousada. Os assaltantes invadiram a Estação Liberdade, pularam as catracas e correram pelo túnel na direção da Estação Sé, segundo o Metrô. A segurança da companhia só percebeu a invasão quando, já dentro dos 544 metros de túnel entre Liberdade e Sé, as câmeras captaram imagens de pessoas nos trilhos. Na Estação Sé foram recebidos à bala pelo policial militar Alberto de Araújo, que estava à paisana. O soldado do 19º Batalhão, no Tatuapé, tem 24 anos, e está há cerca de dois anos na corporação. Araújo não quis falar. "Prefiro não fazer comentários." O tenente Daniel Coronado, que atendeu a ocorrência, disse que o soldado terá sua conduta averiguada, para saber se foi correta. Segundo Araújo contou à Polícia Civil, ao avistar Villas-Boas deu voz de prisão. O bandido teria sacado uma pistola 380. Foi quando o PM atirou. A mão do ladrão foi atingida. Mesmo assim, ele correu e conseguiu fugir. Os outros bandidos misturaram-se na multidão. Foram minutos de pânico na estação. Campos foi baleado às 12h50, segundo Francisco Glaudevano, de 38 anos, que estava ao lado da vítima. "Eu esperava o trem para ir até a Estação São Bento. Estava do lado desse senhor. Quando percebemos que havia algo de diferente, pedi para ele se afastar um pouco. Foi quando o cara pulou na plataforma. Tinha polícia e agentes do Metrô atrás. Ouvi o tiro e o senhor caiu do meu lado", contou Glaudevano. Depois disso, segundo a testemunha, houve muita gritaria, gente chorando. "Não dava para saber quem era bandido e quem era polícia. Quando eu desci a escada até a plataforma, escutei um agente do Metrô dizer para um policial que ?tinha um cara armado e precisava de reforço?. Tomara que nunca mais tenha de passar por isso", arrematou. Após sair da Sé, o ladrão Villas-Boas entrou numa farmácia, comprou ataduras e enfaixou a mão esquerda. Cerca de 20 minutos depois acabou detido pela PM numa rua na baixada do Glicério. A ficha criminal do bandido registra uma passagem por roubo a posto de gasolina e outra por falsidade ideológica. "Já me balearam e agora vão me matar no Deic", gritou, quando estava sendo encaminhado ao hospital na tarde de ontem. De acordo com a base comunitária da PM na Sé, cerca de 1.100 pessoas aguardavam os trens na plataforma no horário do tiroteio. Dados do Metrô mostram que, entre 13 horas e 13h30, circulam pelas estações Sé e Liberdade, 20 mil e 1,8 mil pessoas respectivamente. Nas duas estações estavam em serviço ontem 30 agentes de segurança da companhia. Por 18 minutos, as estações entre Barra Funda e Sé, da Linha 3-Vermelha, ficaram fechadas e não houve circulação de trens, entre 13h09 e 13h27. Entre as Estações D. Pedro II e Itaquera as composições operavam com velocidade reduzida. Nesse período, os trens da Linha 1 - Azul circularam normalmente, só não paravam na Sé.

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