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Torturado por soldados vai para hospital militar

Por Pedro Dantas e RIO
Atualização:

J.S.G., de 16 anos, que acusa soldados da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada de tortura, foi transferido para o Hospital da Força Aérea do Galeão, na Ilha do Governador, zona norte do Rio. A instituição tem um Centro de Tratamentos de Queimados que é referência no Estado. A mãe de J., Maria Célia Furtado, disse que recebeu garantias de segurança para o filho. "Apesar de ser um hospital militar, a família se sentiu segura por ser uma instituição de excelência. Trata-se do início do processo de reparação", afirmou João Tancredo, presidente do Instituto dos Defensores dos Direitos Humanos, que também advoga para as famílias dos jovens do Morro da Providência assassinados por traficantes do Morro da Mineira, após serem entregues aos criminosos por militares. Para Tancredo, o crime de tortura praticado por militares no caso de J. está configurado. Ele espera o resultado do laudo do IML, que pode apontar, dependendo da gravidade das lesões, tentativa de homicídio. O registro de ocorrência foi remetido para a Polícia Federal, já que o episódio ocorreu dentro de instituição federal. J. e um amigo invadiram uma fábrica desativada do Exército para fumar maconha. Flagrados, foram dominados por soldados. O amigo de J. fugiu, mas o adolescente diz que foi espancado, recebeu choques e, por fim, os militares teriam jogado uma substância química no seu corpo e ateado fogo. Os soldados alegam que usaram só spray de pimenta. O capitão Daniel Guimarães, da 9ª Brigada, informou que três dos cinco soldados envolvidos foram identificados, mas não estão presos. "Cumprem funções internas no quartel." O Inquérito Policial Militar será concluído em 30 dias.

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