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Trabalhos de buscas em cratera seguem em ritmo lento

Risco de novos desabamentos prejudicam a procura de desaparecidos

Por Agencia Estado
Atualização:

Os trabalhos de resgate no canteiro de obras da Estação Pinheiros da Linha 4 do Metrô, que ruiu às 14h55 da sexta-feira, abrindo uma cratera de 80 metros de diâmetro, seguem em ritmo lento neste sábado. De 5 a 10 pessoas que circulavam ou trabalhavam na região estão desaparecidas. Uma equipe com seis bombeiros, que escavava usando pás de mão, só conseguiu avançar 1,5 metro até a tarde deste sábado. O coordenador da Defesa Civil, Jair Paca Lima, em entrevista, admitiu que uma pancada mais forte e mais duradoura de chuva pode comprometer o trabalho das buscas. Até às 15h30, a chuva que atingiu o local não prejudicou a procura pelos desaparecidos, segundo Lima, em razão do trabalho de proteção do solo com a colocação de lonas e diques de retenção da água. Lima afirmou que duas residências das imediações do acidente estão com estruturas seriamente comprometidas e correm o risco de desabar, entre as cerca de 55 casas que estão interditadas. Segundo ele, essas duas residências estão sob análise até que uma solução de engenharia seja encontrada. Lima, no entanto, não descarta a possibilidade de demolição dessas casas. A Defesa Civil só está permitindo a entrada de moradores em suas residências acompanhados pela própria Defesa Civil, já que a batida de portas ou janelas pode trazer algum risco de abalo. A estimativa de Lima é de que pelo menos até quarta-feira essas casas continuarão isoladas. Para permitir a abertura de um buraco entre a área de deslizamento e o túnel, uma retroescavadeira retirava terra pela parte de cima. A cada ação da máquina, uma parte da terra do túnel cedia, o que atrasava o avanço - até para salvaguardar os soldados. Um alojamento de operários está sendo demolido por causo do risco de desabamento. A construção estava muito próxima da borda do buraco. A empresa líder do consórcio responsável pela obra, a Odebrecht, informou que divulgará, ainda neste sábado, uma nota sobre o acidente. Cheiro de gasolina Outro trabalho que era feito consistia na fixação do guindaste, para o início da sua desmontagem. A equipe dos bombeiros utilizava máscaras de oxigênio, por causa do forte cheiro de gasolina no túnel - eles entraram pelo dutos de ventilação da Rua Ferreira Araújo, a 400 metros do local do acidente, e optaram por seguir pelo túnel do futuro ramal do metrô. Pela manhã, foram encontrados dois veículos nos escombros, um Gol e um Palio, a 35 metros de profundidade. Dois caminhões foram retirados, mas o trabalho teve de ser paralisado para estabilização do terreno e possível identificação de regiões com vítimas. Segundo o major Marco Aurélio Alves Pinto, que coordenava as buscas do Corpo de Bombeiros, o primeiro vão de ar entre o túnel e o canteiro só deve ser aberto no fim da noite deste sábado. Os esforços se concentravam na busca de um microônibus da cooperativa Transcooper da linha 177-Y, que deveria estar a 20 metros de profundidade. O motorista, Reinaldo Leite, de 44 anos, chegou a pedir socorro pelo rádio. Além dele, o cobrador Wescley da Silva e pelo menos duas pessoas, segundo testemunhas, estavam no lotação. No local do acidente, até as 13 horas, as famílias só encontravam apoio de 20 funcionários da Transcooper, que cobravam providências do prefeito Gilberto Kassab. Segundo informações da Defesa Civil, 79 imóveis da região foram interditados. Parte dos moradores dessas residências se transferiram para a casa de familiares, enquanto que 34 pessoas foram acomodadas nos hotéis Golden Tower, L´Opera e Quality. Os imóveis permanecerão interditados até pelo menos a próxima quarta-feira, quando deverá estar pronto um laudo da perícia que está sendo feita para avaliação de risco. Este texto foi ampliado às 15h30.

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