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Traficante tinha ecstasy líquido e roupa engomada com cocaína

Por Agencia Estado
Atualização:

O ecstasy líquido fabricado nos laboratórios dos cartéis da droga na Colômbia, mais forte do que o comprimido, de efeito mais rápido e pingado nos olhos como se fosse colírio, foi apreendido pela primeira vez no Brasil. Os policiais do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) apreenderam dois litros com o belga Boulbahaiem Moussa, de 33 anos, que tentava embarcar para Madri, na Espanha, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na última sexta-feira. Usada em festas rave e danceterias, a droga líquida custa R$ 50 a gota e está chegando "aos poucos" ao Brasil. Os dois litros estavam em pequenos frascos, como se fossem refresco. Ao ser preso, além da novidade do ecstasy líquido, Moussa causou outra surpresa aos policiais. Carregava 54 peças de roupa - calças, camisetas, cuecas, meias, calção - engomadas com 22 quilos de cocaína. Um par de tênis também continha a droga. O delegado Robert Carrel, responsável pela prisão, explicou que as drogas sintéticas fabricadas na Colômbia e na Bolívia estão chegando ao País, principalmente o ecstasy em comprimido, líquido e o LSD. "Precisamos dar um basta para impedir que os jovens passem a usar essa nova droga." Carrel disse que um laudo de constatação entregue pela perícia comprovou o teor forte da droga líquida. "O usuário que pingar o ecstasy e fizer uso de bebida alcoólica corre o risco de entrar em coma." O delegado informou que os cartéis querem atingir o Brasil com suas drogas sintéticas, heroína e ópio. Segundo os policiais do Denarc, os usuários do ecstasy líquido procuram ficar perto dos traficantes, nos bares e banheiros das danceterias e festas. Pingam o ecstasy como se estivessem usando colírio para conjuntivite. O ecstasy líquido distribuído na Europa é feito na Holanda. As roupas apreendidas com Moussa foram engomadas na Colômbia. Para isso, os traficantes misturam a droga em pó com um líquido que a deixa como se fosse uma goma. As roupas ficam sujas e com cheiro forte. Para fazer a cocaína voltar a ser pó, usam um líquido especial na lavagem do tecido. Em seguida, fazem a decantação e a filtragem. "A cocaína volta ao seu teor de pureza", informou Carrel. O esquema de engomar vem sendo usado com freqüência para burlar a fiscalização nos portos e aeroportos. Nascido em Diest, na Bélgica, Moussa fala seis idiomas e tinha passaportes da Bélgica, Marrocos e França. Disse ser vendedor, ter nível superior completo e morar na cidade belga de Gent. Alegou que foi contratado por um nigeriano para levar a droga até Bruxelas por US$ 3 mil. Uma denúncia levou os policiais ao aeroporto. A prisão ocorreu no check-in da Ibéria. Moussa estava com duas malas. Uma delas tinha proteção de plástico e a outra, fundo falso. O cheiro de perfume nas roupas era para abafar o da cocaína. Testes em um pedaço de toalha engomada mostraram que o pano continha cocaína. O diretor do Denarc, Ivaney Cayres de Souza, prepara um esquema especial para combater o tráfico de drogas sintéticas.

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