Traficantes atiram contra pedestres para vingar morte no Rio

Seis carros, três apartamentos e as fachadas de duas lojas foram alvejados, mas ninguém ficou ferido

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Por Agencia Estado
Atualização:

Traficantes do Morro Santo Amaro, no Catete, zona sul do Rio, atiraram a esmo contra carros e pedestres que passavam pela Rua Pedro Américo, provocando pânico e correria, no início da tarde desta quinta-feira. A ação foi em vingança pela morte de um traficante em confronto com a polícia pela manhã. Seis carros, três apartamentos e as fachadas de duas lojas foram alvejados. Ninguém ficou ferido. Os tiros começaram por volta das 13 horas, quando havia movimento de crianças indo e vindo da escola e de funcionários de empresas das redondezas saíam para o almoço. Houve correria nas ruas, lojas foram fechadas e motoristas tentaram fugir na contramão. A polícia interditou a Rua Pedro Américo por 20 minutos. Ito Roberto Lucena, de 59 anos, motorista da prefeitura, havia acabado de deixar a 9ª Delegacia de Polícia (Catete), que fica a 100 metros do tiroteio, com dois fiscais de transportes urbanos, quando um tiro perfurou a lataria do carro e saiu pelo vidro traseiro, atrás do banco do motorista. "Era muito tiro. Graças a Deus não pegou ninguém. Fui policial militar por 30 anos e nunca presenciei uma coisa dessas, criminosos atirando para acertar civis", comentou Lucena. Três dos seis carros atingidos estavam no estacionamento Safe Point. "Corremos e ficamos escondidos atrás da guarita. Ficamos esperando acabar. Não podíamos fazer mais nada", disse o gerente Izac Martins, de 43 anos. Um tiro de fuzil atravessou a janela da casa da aposentada Idalina Guimarães, de 70 anos, que mora na Rua Andrade Pertence. Ela cozinhava, quando ouviu o tiro. Ficou em dúvida sobre onde se proteger e percebeu a janela perfurada na sala. "Se eu estivesse no computador, estaria morta", comentou, ainda atordoada. A ação surpreendeu até a polícia. "Esses criminosos não têm compromisso com nada. É o coração na sola do pé", comentou o titular da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil, Marcos Reimão. A Core fez operação no morro após o tiroteio. Segundo Reimão, policiais do 9º DP subiram o morro, ficaram encurralados e pediram o apoio da coordenadoria. Ninguém foi preso. Os tiros de pistola e fuzil foram disparados contra o asfalto em represália à morte do traficante Elso Batista da Silva, o Ratinho, de 26 anos. Ele e outros três homens estavam em duas motos na Ladeira dos Ascurras, um dos acessos ao Morro do Cerro-Corá, no Cosme Velho (zona sul). Policiais militares fizeram sinal para que o grupo parasse, mas os homens aceleraram em direção ao morro. Houve perseguição e troca de tiros. Ratinho foi baleado e morreu ao ser operado no Hospital Souza Aguiar. Ele já havia cumprido pena por assalto e tráfico de drogas e tinha quatro mandados de prisão por tráfico.

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