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Traficantes cariocas podem ter bases na Baixada Santista

Por Agencia Estado
Atualização:

Traficantes do Rio de Janeiro, ligados à facções crimonosas estão se estabelecendo na Baixada Santista. Um forte indício, foi a prisão em Peruíbe, Litoral Sul, de Márcia Cristina Alves de Araújo, de 25 anos, mulher do traficante Robson André da Silva, de 29 anos, o ?Robinho Pinga?, um dos principais líderes do Terceiro Comando (TC). Ela disse informalmente à polícia, que estava sendo ameaçada de morte por Celsinho da Vila Vintém ? poderoso traficante, que foi poupado na rebelião de Bangú 1? por ter se unido a Fernandinho Beira Mar (Comando Vermelho). De acordo com a jovem, as ameaças estão acontecendo porque Celsinho propôs a unificação do tráfico no Rio de Janeiro. Entretanto, Robinho, que comanda o comércio de drogas na comunidade Senador Camará, não teria aceito a proposta. Conhecido como ?diplomata da droga?, Robinho é aliado do traficante Paulo Cesar Silva dos Santos, de 30 anos, o ?Linho?, um dos homens mais procurados pela polícia do Rio de Janeiro. Linho, logo após a rebelião de Bangú 1, teria procurado outras lideranças do TC para invadir os redutos do Comando Vermelho, de Fernandinho Beira Mar e assumir todo o controle do tráfico carioca. Màrcia foi presa na tarde de ontem no centro de Peruíbe, por policiais militares da 3a. Companhia de Força Tática do 29º Batalhão. A moça levou os policiais aos dois endereços que tinha na Baixada Santista: uma mansão em Peruíbe, e um luxuoso apartamento de cobertura no Guarujá. Nos dois locais, os policiais encontraram toda a contabilidade do tráfico comandada por Robinho. Na documentação, aparecem altas quantias para a sigla DRE, que pode ser a sigla da Polícia do Rio de Janeiro. Foram encontradas também fotos de Márcia e Robinho junto com a cantora Carla Perez e o marido Xande, em uma festa de carnaval. Os policiais encontraram ainda US$ 42 mil, centenas de jóias, uma pistola ponto 40 e documentos falsos. Estimativas iniciais apontam que o material encontrado ultrapasse R$ 800 mil. Márcia contou aos policiais que Robinho tem cerca de 50 funcionários no tráfico. Segundo ela, a droga é adquirida na Bolívia e pára em São Paulo, até ser levada ao Rio de Janeiro. A mulher do traficante disse que muda constantemente de endereço para não ser identificada. Na mansão em Peruíbe, os policiais acharam um bilhete de Robinho instruindo a companheira a abandonar o mais rápido possível o lugar. Medo e Azar Foi o medo de morrer que acabou levando Márcia para a prisão, e atrapalhando a estrutura dos traficantes cariocas em São Paulo. Por volta das 14 horas, Márcia que estava dirigindo uma Pajero, placas DCS-6228, de São Paulo, junto com os dois filhos, de 7 e 4 anos, parou uma viatura da PM. ?Ela pediu para a companharmos em casa porque estavam sumindo móveis de sua residência e por isso tinha medo de chegar sozinha?, contou o cabo Rogério Fernandes Coelho, de 39 anos, O que Márcia, que estava muito nervosa, não esperava era que o cabo Rogério já sabia quem ela era. Na segunda-feira, ele tinha sido acionado pela faxineira da criminosa. A empregada ligou para a polícia infornando que estavam sumindo móveis e eletrodomésticos da mansão de seus patrões em Peruíbe. Quando os policiais vistoriaram a casa, encontraram documentos e fotos do traficante e de Márcia. Eles conduziram o caso para a delegacia. ?Quando a vi contando aquela história, imediatamente reconheci a mulher?, contou o cabo Rogério. Segundo ele, por causa das ameaças que estaria recebendo, a mulher do traficante queria chegar em sua casa acompanhada da viatura da PM. ?Ela queria nos usar como escudo?, ponderou. Ao perceber que tinha caído em sua própria armadilha, Márcia tentou subornar os quatro policiais militares. Ela ofereceu R$ 700 mil para ser solta. O cabo Rogério gravou a conversa. Na gravação, Márcia diz que não tem o dinheiro com ela, mas que é muito fácil obter a quantia. ?Agente telefona para a Rose, e o Robinho libera?. Ela contou ainda que no ?caixa? do tráfico, existe dinheiro para estas situações emergeniais. ?Eu não quero ser presa, eu quero ir embora?, disse chorando ao receber a recusa dos policiais.? Na sequência, Márcia acompanhou os policiais na mansão e no apartamento do Guarujá. A mulher do traficante foi levada para a delegacia de Peruíbe. No início da tarde desta quinta-feira, ela já tinha cinco advogados. Três deles e a mãe, vieram diretamente do Rio de Janeiro para atendê-la. Negou Tudo No depoimento ao delegado titular de Peruíbe, a jovem negou que conhecesse o traficante, mesmo ao ser questionada como aparecia ao lado dele em várias fotos. Ela garantiu que Robinho não é o pai de seus filhos, embora na identidade das crianças constam como pais, Márcia e o traficante. ?Ela se mostrou nervosa mas conhecedora do meio que freqüenta?, garantiu o delegado de Peruíbe, José Augusto Veloso Sampaio. Traficantes e Avião O delegado disse que há indícios do envolvimento do casal com outra ocorrência acontecida em Peruíbe, no dia 29, e que está sendo investigada. Nesta data, um avião Cesna 210 desceu sem aviso prévio no Aeroclube da cidade às 13 horas. Dois homens que estavam escondidos atrás de árvores, correram até a aeronave e retiraram dois pacotes pesados. Eles fugiram em um carro estacionado próximo ao local. O avião decolou rapidamente. Assustados com o pouso inesperado, os funcionários registraram o caso na delegacia. ?As investigações apontam relação entre os casos?, afirmou o delegado Veloso. À época, o caso foi registrado como tráfico ou contrabando. Veloso também aponta os indícios da instalação de facções criminosas do Rio de Janeiro na Baixada Santista nesse ano. ?São integrantes não apenas do PCC mas também do Comando Vermelho e Terceiro Comando?. De acordo com o delegado, os líderes dessas facções estão comprando e alugando imóveis na Baixada. ?Eles se utlizam de identidades falsas ou fazem a compra em nome de outra pessoa?. Recente, Baianinho do PCC tentou construir uma casa em Peruíbe. ?O crime organizado tem ramificações mais profundas do que se deve imaginar?, avaliou o delegado. Márcia foi transferida para um presídio de Santos. Ela foi indiciada por tentativa de corrupção ativa, uso de documentação falsa e guarda de arma de fogo de uso proibido. As penas para estes crimes variam de 2 a 5 anos. Caso seja comprovado seu envolvimento com o tráfico, poderá ser indiciada por formação de bando ou quadrilha e auxílio ao narcotráfico. Márcia deixou Peruíbe no final da tarde de ontem. Ela chorava e se mostrava apavorada. ?Por favor me protejam, me sigam, fiquem bem atrás de mim?, pedia a seus advogados.

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