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Traficantes expulsos atacaram Rocinha para retomar pontos de venda

Por Agencia Estado
Atualização:

O ataque à Rocinha partiu do complexo de Favelas Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, em Ipanema, e foi arquitetado por quatro traficantes ligados ao Comando Vermelho expulsos da Rocinha. Gerinho, Dudu Sem Dente, Jack e Lourinho receberam apoio dos morros do Borel, da Grota, ambos na zona norte, e das favelas de Ipanema para retomar os pontos de venda de drogas da parte alta da Rocinha. Para a Polícia Militar, Gerinho é Rogério Duarte Correa, que teria liderado o grupo. Ele era o alvo dos policiais que fizeram nesta quinta uma operação no Pavão-Pavãozinho. Eles mantinham informantes no morro sobre o posicionamento dos traficantes da Rocinha e chegaram a confeccionar um mapa. O plano desandou quando seis "espiões" foram mortos em duas semanas. Sem informações e sob cobrança dos traficantes aliados, os quatro decidiram invadir a favela no fim da tarde de ontem. "Sem comando, com a cara cheirada, eles fizeram aquele desastre - entraram na favela no momento de movimento intenso, com trabalhadores voltando para casa, crianças saindo da escola. E o saldo é esse: uma criança, quatro moradores e um traficante mortos", resumiu a chefe do Setor de Investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, Marina Maggessi. Segundo Marina, os morros da Providência, no Centro, e Mangueira, na zona norte, também foram chamados para participar do ataque, mas recusaram. "O período de Carnaval é o momento de maior lucro para o tráfico dessas áreas". A polícia encontrou um mapa com todo o planejamento da tentativa de invasão da Rocinha. Entre os "espiões" mortos Marina aponta para o porteiro Marcos Costa, o Macaxeira, que trabalhava para a G. G. Produções, do ministro da Cultura, Gilberto Gil. "Ao que tudo indica ele estava repassando informações da Rocinha para o pessoal do Comando Vermelho", disse a inspetora. Costa está desaparecido há duas semanas. A polícia tem informações de que ele foi morto e o corpo jogado no Valão. Guerra na Rocinha A guerra na Rocinha foi retomada em 2004, quando Eduído Araújo, o Dudu da Rocinha, deixou a prisão e quis recuperar os pontos de venda de drogas que estavam sob comando de Luciano Barbosa da Silva, o Lulu, ambos ligados ao CV. Na invasão, a mineira Telma Veloso Pinto, de 38 anos, foi assassinada pelo bando de Dudu, além de outros dois moradores. Nos dias seguintes, dois policiais do Bope morreram em confronto. Lulu foi morto pela polícia. Dudu aliou-se à facção criminosa Amigo dos Amigos. Em 31 de dezembro de 2004, foi preso em Saquarema, na Região dos Lagos. Ao longo de 2005 houve outras tentativas de invasão à favela. Em outubro, Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, foi morto durante a Operação Cavalo de Tróia, que teve inclusive policiais infiltrados no morro, disfarçados de moradores. Dois dias depois, seu sucessor, Orlando José Rodrigues, o Soul, foi assassinado numa disputa interna do tráfico.

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