Tragédia da Gol faz 2 anos e parentes cobram respostas

Na missa em memória dos 154 mortos, familiares se queixaram de lentidão e falta de apoio

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Foto do author Leonencio Nossa
Por Leonencio Nossa e BRASÍLIA
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Cerca de 300 pessoas participaram ontem da missa na catedral de Brasília em memória das 154 vítimas do acidente com um Boeing 737-800 da Gol, no dia 29 de setembro de 2006. Parentes dos passageiros e tripulantes do vôo 1907, que há exatos dois anos fazia a rota de Manaus ao Rio, com escala em Brasília, reclamaram da lentidão do processo criminal no Brasil e da demora da Justiça americana em ouvir os pilotos Jan Paul Paladino e Joseph Lepore, do jato Legacy, que bateu no Boeing. Neuza Machado, mulher do passageiro Valdomiro Machado, reclama da decisão do juiz federal de Sinop (MT), Murilo Mendes, que permitiu a tomada dos depoimentos dos pilotos pela Justiça de Nova York. No mês passado, o próprio Mendes se queixou da lentidão do Judiciário norte-americano. "É preciso perguntar por que eles não vieram ao Brasil prestar esclarecimentos", disse Neuza. Passados dois anos, ela avalia que a responsabilidade dos controladores brasileiros na colisão é "menor" que a dos pilotos da ExcelAire. "Houve uma sucessão de erros no controle de vôo, mas os controladores são os menos culpados", diz. "A empresa americana e a Embraer (fabricante do jato) também são responsáveis, pois mandaram dois pilotos desqualificados ao Brasil", faz coro Salma Assad, tia de Átila Assad. Tanto Neuza quanto Salma queixam-se da falta de empenho do governo brasileiro, especialmente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no caso. Elas dizem que, por questões "diplomáticas", o governo não atuou para que os pilotos permanecessem no País durante a tramitação do processo. "Se brasileiros tivessem feito isso nos Estados Unidos, não seriam soltos", afirma Neuza. Ela destaca que Lula nunca recebeu representantes da famílias das vítimas do acidente da Gol. À tarde, parentes de passageiros se reuniram no Jardim Botânico de Brasília para plantar 154 árvores. Neuza diz que as famílias vão insistir na busca de respostas. "A gente trabalha para que não haja outros acidentes, mas tempos depois tivemos outro choque", diz, referindo-se à explosão do avião da TAM, em Congonhas, em 2007. Na catedral de Brasília, pessoas vestiam camiseta com o número 353 - soma dos 154 passageiros da Gol com os 199 da TAM. Em Campinas, outra missa lembrou a tragédia da Gol. Familiares das sete vítimas que residiam na região reuniram-se no início da noite de ontem na Igreja Nossa Senhora do Rosário. "Sofremos todos os dias", disse Angelita de Marchi, viúva do empresário Plinio Siqueira. Hoje, novas missas devem ocorrer pelo País. COLABOROU ROSE MARY DE SOUZA, ESPECIAL PARA O ESTADO

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