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Traíras, cidade histórica de Goiás, corre o risco de ruir

Ali teria pernoitado d. Pedro II, que despachou de uma hospedaria e transformou Traíras em capital temporária

Por Rodrigo Brancatelli
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Há algo na alma do sertanejo que o leva a conversar por estrofes e poesia, talvez uma artimanha da vida para compensar as várias dificuldades da rotina, o rosto marcado pelo sol, os calos das mãos. Vilson da Silva Rocha, de 81 anos, dono de olhos que acusam cansaço e mãos que provam o esforço, surdo de um ouvido e muito seletivo no outro, é um desses homens que escolhem as palavras certas sem querer, quase como se quisesse fazer um testamento de sua história. Também fala com o peso de ter de resumir em sentenças a história de sua vila, suas raízes, transformadas em ruínas pelo descaso. “Não foram as casas que ruíram, foi o mundo que caiu”, diz, olhando de soslaio para o sol forte de mais uma manhã sem movimento no povoado de Traíras, bem no norte de Goiás. “Aqui era muito maior, mais pessoas, mas quase todos foram embora. Aí a gente que ficou não teve mais importância. Agora as casas estão acabando de acabar.”

 

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