Na quinta-feira, 8, a Força Aérea Brasileira (FAB) informou as famílias das vítimas do acidente entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, em 29 de setembro de 2006, que não houve falha nos aparelhos do jato. A informação foi concluída a partir de análises técnicas e, segundo a FAB, "não houve falha ou defeito nos equipamentos". Agora, a Aeronáutica deve analisar se a operação desses instrumentos pelos pilotos americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino ?foi imprópria, acidental ou incorreta?. Quase cinco meses depois do acidente que deixou 154 pessoas mortas, o delegado que preside o inquérito, Renato Sayão, de Cuiabá, pediu, no dia 23 de fevereiro, mais 60 dias para concluir o inquérito sobre as causas do maior acidente aéreo da história do País. Segundo ele, ainda há algumas dúvidas e apenas uma certeza em relação ao acidente: os pilotos americanos Joe Lepore e Jan Paul Paladino tiveram certa culpa no acidente. O delegado tem algumas dúvidas, como o funcionamento do transponder e do sistema TCAS. Além disso, Sayão quer saber sobre a possibilidade de se confundir os botões que ligam os equipamentos a outros localizados na mesma mesa; neste mesmo sentido ainda não se sabe se os equipamentos são ligados - ou desligados - em conjunto ou separadamente. Outras questões que ainda precisam ser esclarecidas é se eles perceberam que o transponder estava desligado ou não, seja por desatenção, seja por usarem algum tipo de equipamento como laptop ou mini DVD, enquanto pilotavam. Outra coisa que ainda não se sabe é se os pilotos do Legacy receberam ordens erradas para ficar em 37 mil pés ou se estavam voando fora do plano de vôo. O delegado já descartou totalmente que tenha ocorrido qualquer tipo de erro por parte dos controladores aéreos de Manaus e São José dos Campos. Resta avaliar a parcela de culpa dos controladores de Brasília. Cronologia do acidente da Gol 29 de setembro de 2006: Boeing 737-800 da Gol e jatinho Legacy, fabricado pela Embraer, que seguia para os Estados Unidos, colidem na região da Serra do Cachimbo (PA), provocando a morte de todos os 154 pessoas, entre passageiros e tripulantes. 30 de setembro: Pilotos do jato Legacy, Joseph Lepore e Jan Paladino, falam como testemunhas à Polícia Civil. 1º de outubro: Joseph Lepore e Jan Paladino dizem à polícia que foram autorizados a voar a 37 mil pés, altitude que era usada pelo Boeing da Gol. 2 de outubro: Juiz de Mato Grosso manda apreender seus passaportes. 4 de outubro: Polícia Federal instaura inquérito paralelo para investigar as causas do acidente. 5 de outubro: Nos EUA, Lobby pela liberação dos pilotos do Legacy aciona a secretária de Estado, Condoleezza Rice. 6 de outubro: Pilotos norte-americanos se hospedam em hotel do Rio de Janeiro. 29 de outubro: Diante das suspeitas de que erros dos controladores teriam causado o acidente de setembro, os profissionais do Cindacta-1, em Brasília, iniciam operação padrão, quando há centenas de atrasos e cancelamentos no País. 6 de novembro: Advogados dos pilotos pedem juízo provisório 17 de novembro: Tribunal Regional Federal nega pedido de liberação de passaportes dos pilotos. 24 de novembro: Federação Internacional de Associações de Controladores de Tráfego Aéreo engrossa pressão por liberação imediata. 5 de dezembro: Justiça libera passaportes de Joseph Lepore e Jan Paladino. 8 de dezembro: Polícia Federal indicia pilotos por expor culposamente a perigo aeronave, agravado pelo fato de ter ocorrido morte. Após prestarem depoimento em São Paulo, os dois embarcam para os EUA 9 de dezembro: Após passarem a noite em Miami, pilotos aterrissam em Long Island. São recebidos como heróis por parentes, políticos, advogados e representantes de associações. 21 de fevereiro de 2007: A Associação Internacional de Pilotos de Linhas Aéreas (Alpa, na sigla em inglês) divulgou boletim de alerta a seus membros para "dificuldades de operação no espaço aéreo do Brasil", enfatizando a questão do inglês dos controladores de vôo, que considera deficiente. Segundo o documento, a colisão do Legacy com o Boeing da Gol em 29 de setembro, que matou 154 pessoas, "pôs em evidência várias questões associadas às operações no espaço aéreo que podem ter implicações significativas para a segurança do vôo". 22 de fevereiro: Polícia Federal pede prazo de mais 60 dias para concluir as investigações sobre o acidente.