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Trens garantem ida ao shopping sem trânsito

Por Agencia Estado
Atualização:

Nem sempre ir ao shopping é sinônimo de enfrentar trânsito, procurar vagas para estacionar e ter dor-de-cabeça com flanelinhas. A solução mais prática, em alguns casos, é ir de trem ou metrô. Ao longo da linha C da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que faz o trajeto Osasco-Jurubatuba, há oito shopping centers perto das estações. "Em qualquer grande cidade, é uma tendência natural ter shoppings em lugares de transporte coletivo. É uma iniciativa que reúne o interesse da companhia em ter a demanda de passageiros e a exploração comercial desses espaços´, diz Sérgio de Carvalho Júnior, chefe de atendimento ao usuário da CPTM. Quem usa sempre a linha, para trabalhar nos shoppings ou fazer compras, aprova a idéia. É o caso da aromaterapeuta Sirlie Monteiro, de 32 anos. Todo dia, ela pega o trem na Estação Osasco e desce na Jaguaré para ir ao Shopping Villa-Lobos. O motivo de tanta andança é que ela é amiga da dona de um salão de beleza de lá e aproveita para fazer demonstrações de seus produtos às clientes. "Desço na estação, não ando nem 200 metros e já estou lá. Aquele shopping foi uma mão na roda para mim", diz a aromaterapeuta, que, por já estar no shopping, aproveita para fazer suas comprinhas. "Vendo cinco óleos de massagem e já gasto o dinheiro por lá mesmo", conta ela, rindo. O vendedor Rodrigo Betil, de 24 anos, trabalha há dois anos e meio em uma loja de surfe no Shopping Morumbi e dispensa o carro para ir trabalhar. "Geralmente venho de trem porque é mais rápido. De carro, tenho que pegar o trânsito." A linha C da CPTM passa pelo eixo empresarial mais moderno da cidade. Ali se concentram, além de oito shoppings, vários escritórios comerciais na região da Berrini. Só no mês de julho, a média de passageiros transportados nos dias úteis foi de 107.494, sendo que o rendimento individual de 78% dos usuários pesquisados fica entre 2 e 5 salários mínimos. Muitos não acham mais caro ir ao shopping para fazer compras. O garçom Augusto Seto passa pelo SP Market todo dia ao descer na Estação Jurubatuba e é um dos que não abrem mão da praticidade do shopping. "Minha mulher acha mais caro. Acho mais prático porque lá se encontra de tudo e é caminho para mim. O importante é a qualidade." Mesmo com a esposa de Augusto achando que comprar em shopping é mais caro, ele não dispensa um agradinho para ela. "Hoje, ao passar pelo SP Market, vou comprar uma roupa para a minha mulher porque é um dia especial." Rosana de Oliveira trabalha em uma loja de roupas masculinas no Shopping Morumbi há nove anos, sendo que há dois ela usa a linha C da CPTM. Ela também acha mais prático comprar no shopping onde trabalha, mas tem um segredinho. "Sempre vou nas lojas onde os preços são mais em conta, e procuro as liquidações. Mas a minha vantagem é que, por ser funcionária do shopping, muitas lojas me dão descontos", diz. Para o diretor da Empresa Brasileira de Estudos sobre o Patrimônio (Embraesp), Luiz Paulo Pompéia, nem sempre a proximidade de uma estação de trem ou metrô é sinônimo de negócios para estabelecimentos próximos. "A classe média abaixo da B e que usa a linha C não vai freqüentar o Eldorado ou o Iguatemi porque não se sente bem lá. Acho pouco provável porque tudo é muito caro." A maioria das estações da CPTM chegou quando os shoppings já estavam instalados, por isso, não houve um estudo prévio sobre o perfil dos usuários, que seriam também possíveis consumidores dos shoppings. "O Iguatemi chegou em São Paulo em 1966, é o primeiro shopping da cidade. O Eldorado e o Morumbi também já existiam quando as estações chegaram", explica Pompéia. Metrô A Companhia do Metropolitano de São Paulo, que administra os metrôs da cidade, percebeu a vocação comercial há nove anos. E foi além: os shoppings são instalados nas estações. Em 1997, o Shopping Metrô Tatuapé foi inaugurado e está sendo ampliado. Já em 2001 foi a vez do Shopping Metrô Santa Cruz, e a tendência continua. O Shopping Metrô Itaquera, que será construído na Estação Corinthians-Itaquera, tem previsão de abertura para o fim de 2007. Já o Shopping Metrô Tucuruvi deve começar a funcionar em novembro de 2009. "O metrô tem aproveitado essa oportunidade de negócios para incrementar suas receitas e também para oferecer serviços aos seus usuários. A possibilidade de um usuário de metrô fazer compras no trajeto cria um benefício para ele, que economiza tempo. Isso melhora a qualidade de vida do usuário", diz Cristina de Carvalho Bastos, chefe do Departamento de Novos Negócios da Companhia do Metropolitano de São Paulo. Cristina diz que o usuário das estações do metrô é bem estudado antes da implantação de um shopping. "O usuário de metrô é de classe B e C. O perfil desses shoppings é 100% alinhado com o público que circula pelas estações. É um público qualificado e apto a consumir nesses pontos comerciais."

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