Três corpos e destroços de avião que desapareceu no ES são encontrados

O bimotor, que desapareceu 20 minutos após decolar do aeroporto de Vitória, era pilotado pelo tenente-coronel da Força Aérea Brasileira Alduíno Coutinho de Souza

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Por Agencia Estado
Atualização:

As equipes de resgate já localizaram três corpos do acidente com um avião Sêneca, que saiu do Rio em direção a Porto Seguro e desapareceu na sexta-feira. Os corpos são de um homem e duas mulheres e foram encontrados na Praia de Manguinhos, ao norte de Vitória. Dois irmãos do tenente-coronel da reserva Alduíno Coutinho da Silva, que pilotava o avião, estão no Espírito Santo para identificar as vítimas. O piloto viajava com a mulher, Ronilda, os filhos Alduíno Filho, de 26 anos, e Rafael, de 24, e as noras Luana Guimarães Santos, de 26, e Fátima Campos Lopes, de 27. A família pretendia passar o fim de semana em Porto Seguro. "Não sabemos se houve pane no motor ou algum problema de chuva. Mas ainda temos esperanças de encontrar alguém vivo", disse Mariana, irmã de Alduíno. Tragédia O Sêneca PA-34-200, prefixo PT-ISF, perdeu o contato com comando de vôo no norte do Espírito Santo cerca de 20 minutos após decolar do aeroporto de Vitória, às 19h37, onde aterrissara para abastecer, às 16h46. O bimotor partiu do aeroporto de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, e tinha como destino final a cidade baiana de Porto Seguro, mas, com pouca autonomia de vôo, teve de fazer a parada de reabastecimento na capital capixaba. Segundo a assessoria da Infraero em Vitória, não há informações sobre eventuais reparos técnicos que pudessem ter sido feitos durante a parada no aeroporto. As buscas pelo avião haviam sido interrompidas na noite de sábado e foram reiniciadas neste domingo. Situação irregular O cadastro da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informa que o aparelho estava em "situação técnica irregular" e o Relatório de Condição de Aeronavegabilidade (RCA), vencido. Por estes motivos, o bimotor teve a "situação de aeronavegabilidade suspensa". O consultor de segurança Ronaldo Jenkins, do Sindicato Nacional de Empresas Aéreas (Snea), explicou que uma aeronave nessas condições está impedida de voar. "Pode ser um problema operacional ou burocrático. Pode haver alguma falha que ponha em risco o sistema de segurança ou apenas um documento que ainda não foi apresentado. A pendência pode ter sido resolvida na última sexta-feira e não ter entrado ainda no sistema eletrônico. Ainda é cedo para afirmar qualquer coisa", diz Jenkins. Ele lembrou que as aeronaves estão sujeitas a vistorias anuais e uma série de outros procedimentos de segurança. No caso de venda, há ainda exigências para a transferência de propriedade. Um piloto que estava neste sábado no aeroporto de Jacarepaguá, e não quis se identificar, explicou que em apenas uma situação uma aeronave com navegabilidade suspensa pode voar: se precisar retornar para sua base de operação. Mas, para isso, precisa obter uma autorização provisória da Anac. Sem informação No aeroporto de Jacarepaguá, nenhuma informação sobre o vôo foi repassada à imprensa, apenas o horário da decolagem, que teria sido às 14 horas, afirmou um operador de tráfego aéreo que se identificou apenas como Ney. Segundo pessoas que acompanham a operação de resgate, pescadores teriam avistado destroços de avião no mar. O Sêneca PA-34-200 tem autonomia de combustível para cerca de cinco horas de vôo e, segundo especialistas, seu limite de altura é de 12 mil pés, já que não tem cabine pressurizada. O Seneca é um avião utilizado em cursos de treinamento de vôo por instrumentos e multimotor. Com poucos passageiros, ele poderia ter feito sem interrupções a rota Rio-Porto Seguro. Mas, por estar com sua capacidade de ocupação máxima, ele seria mesmo obrigado a fazer escala de abastecimento entre o Rio e Porto Seguro. Texto atualizado às 10h10

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